A Provence Partners está liderando uma rodada de R$ 33 milhões na mineira Track.co, dona de uma plataforma de gerenciamento de experiência do cliente (CXM), fundada em 2012 por Tomás Duarte, Luiz Fernando Martins Carvalho e José Luiz Ferraz Choucaira.
A rodada, a primeira captação institucional que a Track.co levanta, contou também com a participação da Green Rock, family office da família fundadora do Salomão Zoppi, e da TM3 Capital, a gestora de Marcel Malczewski, que fundou a Bematech, comprada pela Totvs, em 2015.
“A rodada veio para mirar a nossa expansão comercial e o desenvolvimento de novas tecnologias”, diz Duarte, ao NeoFeed. “Queremos avançar também em verticais, como franquias, saúde, seguros e o segmento financeiro.”
A Track.co surgiu depois de Duarte se deparar com um estudo do Sebrae em conjunto com a IBM que mostrava que quase 70% das empresas do Brasil não se preocupavam com o pós-venda.
Com base nisso, ele começou a desenvolver uma tecnologia para que as empresas pudessem ouvir a “voz” do cliente através de insights e feedbacks de forma instantânea e, assim, corrigir os problemas em pleno voo.
O monitoramento é feito em tempo real através de WhatsApp, sites, aplicativos, e-mail e QR codes. “Pesquisamos mais de 130 milhões de consumidores anualmente”, afirma Duarte. “Geramos um volume de dados muito relevante para as empresas.”
Nesses mais de 10 anos, a Track.co conseguiu conquistar clientes como Banco Inter, Allianz Seguros, Natura, PagSeguro, EspaçoLaser, QuintoAndar, Algar Telecom, Brastemp, Rede D’Or e Hospital Albert Einstein. No total, são mais de 600 marcas que usam a plataforma da empresa.
O modelo de negócio envolve contratos anuais, mas que variam em razão do volume de monitoramento que a companhia que contrata o serviço, no modelo de SaaS (software as service), executa. Quanto maior o volume, menor o custo unitário.
O fato de ser uma companhia “bootstrap”, termo que designa uma empresa que caminhou com as próprias pernas sem a necessidade de capital de investidores até agora, foi algo muito valorizado pela Provence Partners na hora de assinar o cheque.
“No cenário atual, ser eficiente em alocação de capital, com um time sênior e enxuto é muito relevante”, afirma Igor Brito, managing partner da Provence Partners, que já investiu em Adventures, Agrolend e Rock Content.
A Provence Partners surgiu de um single family office, que evoluiu para um club deal e, por fim, a partir de 2020, para uma gestora, que reúne o capital de 20 famílias do setor de saúde, varejo, mercado financeiro e indústria, que se uniram para fazer investimentos em venture capital de forma estruturada - os nomes das famílias não são revelados.
Mas, ao contrário de uma gestora de venture capital, a Provence Partners não conta com um fundo tradicional, com prazo para investir ou para deixar os investimentos. Todo ano, no entanto, as famílias fazem um commitment de investimento.
Desde que foi criada, a Provence Partners já investiu US$ 50 milhões em 18 negócios. Neste ano, deve chegar a 20 aportes. Os cheques variam de US$ 3 milhões a US$ 7 milhões e em não mais do que cinco empresas por ano. O alvo são startups de SaaS, serviços financeiros, consumo, marketing, varejo e saúde.
“Gostamos de investir em boas empresas e não temos prazo para sair”, afirma Brito. “Ficamos até quando podemos agregar.”
Em relação à Track.co, a Provence Partners, além de seguir a estratégia tradicional de um venture capital de investir em bons empreendedores e em um mercado grande, olhou os comparáveis internacionais.
Um caso é Qualtrics, que era da alemã SAP, e foi comprada pelo fundo Silver Lake e pelo Canada Pension Plan Investment Board (CPP Investments) por US$ 7,7 bilhões, em março deste ano. Outro exemplo é a americana Medallia, adquirida pela gestora de investimentos Thoma Bravo por US$ 6,4 bilhões em 2021.
Essas empresas, assim como a Track.co, brigam por um mercado global que atingiu US$ 11,4 bilhões em 2022, de acordo com a consultoria americana Fortune Business Insight. Em 2029, a estimativa é que atinja US$ 32,5 bilhões em 2029, crescendo a uma média anual de 16,2% de 2022 a 2029.