Criada com o objetivo de facilitar a contratação de crédito consignado para o setor público, a startup bxblue começa o ano com um aporte de R$ 38 milhões liderado pela Igah Ventures, gestora de investimentos que surgiu a partir da união da e.bricks ventures, de Pedro Melzer, com a Joá Investimentos, do apresentador Luciano Huck. A rodada de série A contou também com a participação dos fundos Iporanga Ventures, FJ Labs e FundersClub.

O aporte terá dois objetivos principais. O primeiro é avançar no produto. “Já temos um marketplace de crédito consignado para o funcionário público e o aposentado do INSS. Queremos ampliar a oferta de produtos e bancos parceiros”, afirma o cofundador Gustavo Gorenstein ao NeoFeed. O segundo é ampliar o time. “Queremos passar de 50 e poucos funcionários para mais de 100. Nosso site está cheio de oportunidades para todos os setores”, diz ele.

Para a Igah, a decisão de fazer o aporte veio do potencial de mercado que a bxblue pode explorar. “Gostamos de empreendedores que olham para as ineficiências do Brasil e oferecem soluções”, diz Marcio Trigueiro, managing partner da Igah, ao NeoFeed. “Falando seriamente, ideias valem muito pouco. O que vale é a capacidade de colocar essas ideias em prática. E a bxblue caiu direitinho nessa nossa visão.”

De acordo com um levantamento feito pelo Banco Central, o saldo de crédito do consignado do INSS passou de R$ 786 bilhões, no primeiro semestre de 2019, para R$ 855 bilhões no mesmo período de 2020. A maior parte desses empréstimos, no entanto, é feita de maneira bastante arcaica e envolve visitas a agências diferentes para comparar valores e condições.

Foi olhando para esse setor, que os três sócios, todos eles filhos ou casados com funcionários públicos, decidiram criar a startup. “Quanto mais a gente olhava, mais víamos uma oportunidade incrível”, afirma Gorenstein.

Criador da empresa de cashback Poup, o empreendedor se uniu a Roberto Braga, um dos responsáveis pelo lançamento do evento de empreendedorismo Startup Weekend, e Fabricio Buzeto, desenvolver e pesquisador que trabalha com software desde de 2002, para lançar a bxblue em 2017.

A empresa criou uma espécie de marketplace em que o usuário consegue analisar as melhores taxas de consignado, fazendo a simulação e a contratação de forma totalmente digital e rápida dentro do site.

O formato, diz a startup, reduz em até 50% os custos operacionais dos bancos, diminuindo a necessidade de operações logísticas e governança envolvidos no uso de documentos em papel. O modelo de negócios prevê a cobrança de uma porcentagem sobre cada negociação feita dentro da plataforma. O valor depende de cada banco, mas fica entre 4% e 5%.

Embora já estivesse operando desde 2018, o lançamento oficial da bxblue aconteceu no fim de 2019. “Já estávamos posicionados quando a pandemia chegou”, afirma Gorenstein. Sem abrir valores, a empresa afirma que em 2020 cresceu oito vezes em relação ao ano anterior. Até dezembro do ano passado, a empresa havia intermediado R$ 500 milhões de empréstimos consignados.

Atualmente, Banco do Brasil, Cetelem, Daycoval e Financeira BRB oferecem crédito consignado dentro da plataforma. O objetivo é fechar o ano de 2021 com mais de 10 bancos parceiros. “Várias grandes instituições bateram à nossa porta. Temos uma fila de parceiros que vão entrar na plataforma ao longo dos próximos meses”, diz o cofundador.

Por enquanto, o foco exclusivo da bxblue é no mercado de consignado para o setor público, que concentra 95% de todas as operações. “Outras empresas tentaram digitalizar esse mercado antes, mas ninguém havia feito funcionar ainda”, afirma Gorenstein. Em conversas com os sócios, eles pensaram em pivotar a startup, mas decidiram manter o rumo. “Só furamos a bolha do consignado para mostrar que era possível”.

Nesse nicho, a bxblue enfrenta pouca concorrência. Existem diversas startups dedicadas a explorar o mercado de crédito consignado, mas voltadas para funcionários de empresas do setor privado.

É o caso da Creditas, que estreou no segmento em 2019, com a aquisição da Creditoo e, desde então, tem reforçado sua atuação nesse espaço. A Neon, que recebeu R$ 1,6 bilhão em uma rodada liderada pela General Atlantic, comprou a Consiga+ em meados de novembro deste ano, entrando também no mercado de crédito consignado.

A concorrência inclui ainda a Meu Tudo, dona de um marketplace de crédito consignado. A startup recebeu um aporte de R$ 12 milhões da gestora Domo Invest, em maio do ano passado. Outra novata é a Facio, que captou US$ 5 milhões, em novembro, junto a fundos como o Monashees e ONEVC.

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