Fundado em 2012, a chinesa Didi chegou longe com seus aplicativos de mobilidade. Principal rival da Uber, a companhia tem 493 milhões de usuários ativos e opera atualmente em 16 países nas regiões Ásia Pacífico, África, Europa e América Latina, onde é dona, desde 2018, da brasileira 99.

Nesta quarta-feira, 30 de junho, porém, o grupo cumpre aquele que talvez seja um dos percursos mais importantes da sua trajetória: a abertura de capital na Bolsa de Nova York. E a estreia da operação no mercado de capitais americano está sendo apoiada por bons números.

A Didi confirmou na manhã desta quarta-feira o preço inicial de US$ 14 para suas ações, que começam a ser negociadas hoje. Com essa faixa, a empresa captou US$ 4,4 bilhões na oferta coordenada pelo Goldman Sachs, Morgan Stanley e J.P. Morgan, e que teve como investidores-âncora o Morgan Stanley Investment Management e a Temasek.

A partir desses indicadores, a gigante chinesa foi avaliada em US$ 67 bilhões. Para efeito de comparação, suas concorrentes americanas, Uber e Lyft, valem, respectivamente, US$ 95,5 bilhões e US$ 20 bilhões.

Com o processo, a Didi finaliza um trajeto no qual preferiu adotar a prudência na precificação dos seus papéis. Segundo o The Wall Street Journal, pessoas próximas à oferta chegaram a sugerir que a empresa poderia captar entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões.

A empresa optou, no entanto, por ser mais cautelosa, em função de questões como o cenário de maior restrição às companhias chinesas no mercado americano de capitais e o desempenho abaixo do esperado empresas do País após IPOs recentes nos Estados Unidos.

Entre essas ofertas, estão a realizada neste mês pela Full Truck Alliance, que levantou US$ 1,6 bilhão, mas cujas ações vêm sendo negociadas abaixo do preço inicial fixado em US$ 19. Outro exemplo é a seguradora Waterdrop, que abriu capital em maio, com o papel a US$ 12 e hoje tem suas ações cotadas na faixa de US$ 6.

Para convencer os investidores, os executivos da Didi ressaltaram a escala e o potencial de crescimento contínuo do grupo. Entre os dados que sustentam esse discurso, está a informação de que 70% da população chinesa viverá em centros urbanos até 2030 e de que poucas delas têm carros.

A Didi fechou 2020 com uma receita líquida de US$ 21,6 bilhões e um prejuízo de US$ 1,6 bilhão. No primeiro trimestre de 2021, a empresa reportou uma receita líquida de US$ 6,4 bilhões e um lucro de US$ 837 milhões.