No início de 2020, John Donahoe assumiu o posto de CEO da Nike em substituição a Mark Parker, que deixou a empresa em meio a uma série de acusações de assédio. Dois meses depois, a Covid-19 colocou um grande desafio à frente da nova gestão.

Passado pouco mais de um ano, no entanto, não seria exagero dizer que a companhia americana está em sua melhor forma. É o que mostram os números recentes da empresa, que registrou o melhor resultado em 50 anos em seu quarto trimestre fiscal, encerrado em 31 de maio.

A Nike encerrou o trimestre com uma receita líquida de US$ 12,3 bilhões, 96% superior quando comparada a igual período, um ano antes. Nesse intervalo, a empresa reportou um lucro líquido de US$ 1,5 bilhão, revertendo um prejuízo líquido de US$ 790 milhões.

No ano fiscal consolidado, a receita líquida foi de US$ 44,5 bilhões, um salto de 19%. Enquanto o lucro líquido avançou de 126%, para US$ 5,7 bilhões. Com esses indicadores, acima das projeções de analistas, as ações da Nike alcançaram nesta manhã o patamar mais alto na trajetória da empresa.

Os papéis chegaram a ser negociados com uma valorização superior a 14%. Por volta das 11h15 (horário local), as ações estavam cotadas a US$ 151,90, alta de 13,7%, conferindo à empresa um valor de mercado de US$ 239,9 bilhões.

“Estes são os momentos em que marcas fortes podem ficar mais fortes”, afirmou Donahoe, durante uma conferência com analistas, realizada na quinta-feira, 24 de junho. “E, a cada trimestre, essa realidade se torna ainda mais clara.”

Durante o trimestre, a marca mostrou sua fortaleza especialmente nas vendas diretas, que reúnem os itens comercializados por meio dos seus aplicativos, sites ou lojas próprias. A receita do segmento cresceu 73%, para US$ 4,5 bilhões, e responderam por 36,4% da receita total da companhia.

Com o avanço da vacinação, a retomada nas operações das lojas físicas e o retorno dos eventos esportivos, na América do Norte, a receita da empresa registrou uma expansão de 141%, para US$ 5,3 bilhões.

O desempenho também foi positivo na China, onde as vendas cresceram 17%, para US$ 1,9 bilhão. No país, havia o receio de fortes impactos diante das ameaças de boicote a marcas ocidentais por conta do posicionamento de empresas como a própria Nike contra o suposto uso de trabalho forçado na produção de algodão na província de Xinjiang.

As projeções para o ano fiscal iniciado em junho também ajudaram a impulsionar o rali das ações da marca. Para o período, a empresa projeta que a receita cresça 10% e ultrapasse a cifra de US$ 50 bilhões. A companhia também prevê que as vendas diretas aos consumidores respondam por cerca de 60% da receita em 2025, contra os atuais 40%.