Desde que fez seu IPO, em fevereiro de 2020, a Locaweb abriu a carteira e foi às compras. Neste período, foram 13 aquisições que consumiram R$ 1,2 bilhão em investimentos.

Passaram a fazer parte da Locaweb empresas como Social Miner, Etus, Melhor Envio, Ideris, Cplug, Dooca, Vindi, Credisfera, Samurai, Bling, Bagy e Octadesk. A última aquisição foi a Squid, um negócio de R$ 176,5 milhões, em outubro do ano passado.

Agora, a Locaweb está saindo dessa “abstinência” de 10 meses e está comprando a Síntese Soluções, uma plataforma especializada em soluções de omnicanalidade para varejo, por R$ 35,2 milhões, mais um potencial earn out aos fundadores se cumprirem determinadas metas.

Com a transação, a companhia reforça sua divisão de commerce, que representou 58% da receita líquida da empresa no primeiro trimestre de 2022. “Queremos explorar o mundo físico no universo do e-commerce”, afirma Alessandro Gil, diretor-executivo de e-commerce e SaaS Enterprise da Locaweb Company, ao NeoFeed. “A loja física é hoje um minicentro de distribuição e aumenta muito a conversão”.

Fundada em 2013 em São Paulo, a Síntese é uma empresa com presença no segmento de moda com aproximadamente 50 clientes. A companhia atende Aramis, Grupo Soma, Reserva, Shoulder, Track & Field, entre outras marcas. A plataforma da Síntese conta com soluções para o controle de logística e unifica a gestão do estoque em todos os canais de venda online e físicos.

Os fundadores da Síntese, Flávio Santos, Everton Geronimo, Leandro Rocha e Tiago Carvalho, vão permanecer na operação do negócio, seguindo a estratégia que a Locaweb tem adotado na maioria de seus M&As. Os 36 funcionários da companhia comprada vão ser incorporados.

Com R$ 1,4 bilhão em caixa, a Locaweb diz ainda estar ativa em M&As, mas está avaliando as transações com mais cautela. “Ainda existe um delay de reprecificação de ativos privados. Isso nos faz muito mais seletivos”, diz Rafael Chamas, CFO da Locaweb Company.

De acordo com Chamas, a Locaweb vai seguir sua estratégia de comprar empresas nas quais possa capturar sinergias e não apenas para aumentar receita. “Tendo a imaginar que de agora até o começo de 2023, as companhias terão mais dificuldades de caixa, o que abre boas oportunidades”, diz o CFO.

No primeiro trimestre de 2022, a Locaweb teve uma receita líquida de R$ 248,8 milhões, alta de 54,6%. O lucro líquido ajustado foi de R$ 29,7 milhões, um crescimento de 229,3%. Neste ano, no entanto, as ações da empresa na B3 caem quase 30%. Desde o pico do papel, em fevereiro de 2021, a queda é de quase 80%. A empresa vale R$ 5,3 bilhões.

Organizando os M&As

Em março deste ano, a Locaweb resolveu organizar a casa depois da onda de M&As e adotou a marca corporativa Locaweb Company, uma mudança sutil em seu nome para dar conta dessa transformação de uma empresa de hospedagem e e-mail, para uma companhia mais complexa e que atua com ERP, marketplace, comércio eletrônico, PDV, recorrência, geração de leads, crédito e logística.

A mudança não foi apenas estética. Em conjunto a isso, a companhia começou um processo para integrar algumas marcas de seu portfólio debaixo de um mesmo guarda-chuva. A Yapay, que atua em pagamentos, passou a fazer parte da Vindi. A Social Miner, que foi a primeira aquisição pós-IPO, foi incorporada pela All iN, empresa de marketing digital, comprada em 2013.

Algumas marcas compradas pela Locaweb, no entanto, vão se manter independentes. São elas KingHost, na área de hospedagem; Bling, de software de gestão; e Melhor Envio, de logística. O motivo é que essas empresas atuam de forma ampla. Inclusive, com concorrentes da Locaweb Company.

Outras marcas adotaram o sobrenome corporativo, sendo identificadas como empresas da Locaweb Company. São os casos de Vindi, Tray, Delivery Direto, Squid, Octadesk, Bagy, Etus, Credisfera, Cplug, entre outras.