Em um trimestre em que o lucro líquido atingiu R$ 122 milhões, alta de 598,2%, e o Ebitda somou R$ 143,6 milhões, crescimento de 440,2%, a Log tem outra marca para celebrar: uma vacância de 2,58% em seus galpões logísticos, a menor de sua história. E o culpado tem nome e sobrenome: comércio eletrônico.

Nos três primeiros meses de 2021, a Log fechou contratos de 212,6 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL) total. Para se ter uma ideia, o volume comercial representou 48% de todo o ano 2020 e foi quase duas vezes superior ao recorde anterior, no segundo trimestre do ano passado.

“O ritmo está muito forte e a vacância está muito baixa”, disse Sergio Fischer, CEO da Log Commercial Properties, ao NeoFeed. “E o segundo trimestre está na mesma toada.”

Para se ter uma ideia, 66% da ABL no trimestre foi para clientes com atendimento em comércio eletrônico. E 89% desses projetos aconteceram fora do eixo Rio/São Paulo.

Esse dado é um indício de que as vendas online começam a crescer em todas as regiões do País e que os principais varejistas online estão querendo melhorar seu nível de serviço fora dos grandes centros metropolitanos do Sudeste. “Vemos um crescimento forte do e-commerce. Estamos sentindo um vento a favor”, afirma Fischer.

Tanto que a Log, controlada pela família Menin, dos mesmos donos da construtora MRV e do Banco Inter, está construindo nove novos galpões logísticos em todas as regiões do País, que devem adicionar 400 mil metros quadrados de ABL até o fim deste ano – boa parte deles já com clientes esperando a inauguração para usá-los.

A demanda cresceu tanto que, no fim do ano, a Log resolveu reformular seu programa batizado de Todos por Um, cujo objetivo era construir 1 milhão de metros quadrados de área bruta locável (ABL) em cincos anos, o que mais do que dobraria a sua capacidade atual.

Agora, o programa chama Todos por 1.4. O motivo? A meta cresceu 40%. O novo alvo é construir 1,4 milhão de área bruta locável (ABL) até 2024. O investimento de R$ 1,5 bilhão passou para R$ 2,2 bilhões.

Esse aumento significa também que a Log vai precisar de mais recursos para cumprir seu plano. Em março, a Log tentou uma captação na bolsa de valores em busca de até R$ 700 milhões. Mas as condições de mercado, que se deterioram, fizeram a empresa de galpões logísticos recuar da oferta.

“Temos uma caixa de quase R$ 1 bilhão e temos capacidade de fazer essa expansão”, afirmou Fischer. De acordo com ele, a Log tem a disposição outras formas de levantar recursos.

Uma deles é fazer mais dívida. No primeiro trimestre de 2021, a Log captou R$ 250 milhões em dívida através de uma operação que não requereu garantias. Fisher diz também que pode vender ativos por meio de fundos imobiliários ou de investidores institucionais estratégicos.

“A nossa intenção é vendar mais R$ 1 bilhão de ativos até o fim de 2024, uma média de R$ 300 milhões por ano”, afirma Fischer. “Estamos estudando isso para fortalecer o balanço e tomar mais crescimento.”

Atualmente, a Log vale R$ 3,2 bilhões na B3. Os papéis se desvalorizam 11,6% em 2021.