Pelo terceiro dia consecutivo as principais áreas do condado de Los Angeles estão sob toque de recolher para minimizar as consequências de possíveis atos de violência cometidos durante os protestos legítimos pela morte do americano George Floyd. 

As movimentações são orquestradas por diferentes organizações, entre elas a Black Lives Matter ("Vidas negras importam"), fundada em 2013 pelas ativistas Alicia Garza, Opal Tometi e Patrisse Cullors. 

Além de se fazerem ouvir nas ruas, as ativistas estão usando outras plataformas para amplificar sua mensagem. Em uma live no Instagram, na tarde desta segunda-feira, 1 de junho, Patrisse falou que é hora de "desfinanciar a polícia". 

Para Patrisse, que é artista plástica, outras estratégias para reprimir a violência policial contra a população negra já foram discutidas e implementadas, mas todas se mostraram ineficientes.

"Falamos de equipar a corporação com câmeras corporais, para que pudéssemos vigiar as abordagens e desdobramentos, mas isso não adiantou. Depois falamos sobre o treinamento dos policiais, e isso também não surtiu efeito", disse.

Segundo Patrisse, a forma mais rápida de lidar com o problema seria mudar radicalmente como lidamos com a questão racial, focando na comunidade. "Milhões de dólares são destinados à polícia, e eu acho que é hora de repensar a prioridade do orçamento público. Precisamos colocar dinheiro na comunidade", afirma.

A ativista propõe que esse capital seja investido para a criação de emprego, abrigo e para a alimentação da parcela mais carente – porque o abuso social começa antes da violência policial. "O sistema não é saudável para a população negra. Ninguém pode dizer que vive bem nesse cenário". 

Citando seu colega e ativista Mark Anthony-Johnson, líder do movimento Dignity and Power, que também combate questões raciais, Patrisse afirmou que a sociedade "tende a se individualizar em tempos difíceis, e que a encarceração da população negra é uma crise sanitária".

O movimento Black Lives Matter nasceu no verão do hemisfério norte de 2013, provocado pela indignação diante da absolvição de todas as queixas contra George Zimmerman, que atirou e matou o afro-americano Trayvon Martin, então com 17 anos, em fevereiro de 2012, na cidade de Sandford, na Flórida. 

Outros casos semelhantes, de perseguição à população negra, impulsionaram o uso maciço da hashtag #blacklivesmatter nas mídias sociais, nos Estados Unidos e no mundo, para chamar a atenção para a causa.

Agora, o movimento volta às ruas para protestar a morte de George Floyd em decorrência do uso de força excessiva a polícia. Em 25 de maio de 2020, o policial Derek Chauvin ajoelhou sobre o pescoço de Floyd para imobilizá-lo – ainda que ele não demonstrasse nenhuma resistência.

Ignorando os apelos por alívio da vítima e das pessoas em volta, Chauvin manteve a posição por quase 9 minutos, e acabou asfixiando Floyd. A tragédia foi toda registrada em vídeo, e as imagens foram amplamente compartilhadas na internet.

Diante da pressão popular, todos os policiais envolvidos na operação foram punidos, mas apenas Chauvin está sendo processado por assassinato culposo – uma das principais queixas dos manifestantes, que exigem que os demais envolvidos respondam judicialmente por seus atos.

As manifestações americanas são, em sua larga maioria, pacíficas, mas episódios de depredação e saques foram registrados em várias cidades – inclusive Nova York e Los Angeles, que teve lojas e comércios em endereços nobres depredados. 

Governadores e prefeitos insistem em pedir calma e respeito. O presidente Donald Trump usou seu Twitter para comentar o assunto "justiça e ordem", escreveu o republicano no domingo, 31 de maio. 

"O que me incomoda me frustra é justamente isso, as autoridades usando seus palanques e influência para repreender atos violentos, mas nenhum deles sequer pediu desculpas pelas atrocidades cometidas contra George Floyd. Nossa revolta é legítima, mas eles não se importam", finalizou Patrisse.

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