Um acordo divulgado nesta quinta-feira, 16 de dezembro, pôs fim a um imbróglio judicial envolvendo o McDonald’s e Steve Easterbrook, executivo que presidiu a rede americana de fast food entre 2015 e 2019, quando foi desligado depois de admitir ter mantido relações sexuais com uma funcionária do grupo.

Para selar o fim do impasse entre as duas partes, Easterbrook concordou em devolver à companhia os valores de indenização recebidos em sua demissão, em novembro de 2019. Na época, o executivo britânico embolsou cerca de US$ 42 milhões, em um pacote que incluía ações da empresa.

Com a valorização do papel do McDonald’s e a atualização do montante, ele terá de retornar mais de US$ 105 milhões aos “cofres” do grupo. Além dessa cifra, o acordo veio acompanhado de um pedido de desculpas, divulgado por meio de um comunicado.

“O McDonald’s e seu board valorizam fazer a coisa certa e colocar os clientes e as pessoas em primeiro lugar. Durante minha gestão como CEO, eu, às vezes, falhei em defender esses valores e em cumprir algumas das minhas responsabilidades como líder da companhia”, disse Eastebrook, na nota.

Ele acrescentou: “Peço desculpas aos meus ex-colegas, ao board e aos franqueados e fornecedores da empresa por isso.” Presidente do Conselho de Administração da rede, Enrique Hernandes Jr. afirmou, por sua vez, que o acordo evita um longo processo judicial e permite que a empresa siga em frente.

O McDonald’s decidiu processar o executivo em agosto de 2020, sob acusações de mentira, ocultação de provas e fraude. Essas questões vieram à tona à medida que a rede teve acesso a outras informações além das relações sexuais que foram o estopim da saída de Easterbrook.

Nove meses antes, quando foi demitido, ele encaminhou um e-mail aos funcionários do grupo assumindo seu erro, dado que, mesmo a relação sendo consensual, as políticas do McDonald’s impedem qualquer relação dessa natureza entre executivos do alto escalão e seus subordinados diretos ou indiretos.

Como recompensa, Easterbrook foi demitido sem justa causa e teve direito a uma indenização e benefícios generosos. Entretanto, em julho de 2020, uma denúncia anônima trouxe à tona que ele teria se relacionado com outras duas funcionárias, algo que havia omitido durante as investigações sobre o caso, com o objetivo, na alegação da empresa, de garantir seus benefícios.

No processo, entre outras evidências, o McDonald’s registrou arquivos com dezenas de fotografias trazendo nudez total, parcial ou explícita, além de vídeos de “várias mulheres”, incluindo das três funcionárias, entre o fim de 2018 e o início de 2019. Esses conteúdos teriam sido enviados pelo e-mail corporativo de Easterbrook, que teria tentado apagar essas provas.

Desde novembro de 2019, quando Easterbrook encerrou sua passagem como CEO, as ações do McDonald’s acumulam uma valorização de mais de 37%. A empresa está avaliada em US$ 198,4 bilhões.