Há na internet uma regra que é quase um mantra: “o vencedor fica com tudo” (do inglês,  “the winner takes it all”). Ela ensina que aquela empresa que se sobressair em um determinado mercado elimina todas as outras.

O Google, por exemplo, dominou a área de busca. O Facebook, as redes sociais. E a Amazon, pelo menos nos Estados Unidos, reina soberana no comércio eletrônico. Na área de streaming de vídeos, a Netflix pintou com cara de ser a vencedora, por conta de seu pioneirismo.

Mas, nos últimos tempos, a competição foi ficando cada vez mais acirrada. Primeiro foi a Amazon, com seu serviço Prime Video. Depois a Apple. E, logo na sequência, a Disney e o seu Disney+.

A questão que se coloca é se há um claro vencedor na arena dos serviços de streaming de vídeos? E mais: qual o espaço para um novo serviço que chega em um cenário de intensa competição?

Essa pergunta, pelo menos no Brasil, começará a ser respondida a partir de 29 de junho, quando o HBO Max estreará no País. A aposta dos executivos é na força de seu catálogo, que reúne alguns dos filmes e séries mais premiadas e desejadas dos brasileiros.

“É claro que estamos lançando o HBO Max em um contexto em que há concorrentes”, afirmou Luis Duran, gerente-geral do HBO Max na América Latina. “Nesse sentido, o conteúdo é fundamental. E, sobretudo, conteúdo de qualidade.”

O catálogo do HBO Max conta com série populares, como Friends e Game of Thrones, franquias de apelo infanto-juvenil, a exemplo de Harry Potter, e até filmes clássicos, como O Mágico de Oz, Casablanca e Cantando na Chuva. São mais de 15 mil horas de programação de marcas como Cartoon Networks, Warner Brothers, DC e HBO.

O serviço contará também com uma grande quantidade de conteúdos exclusivos. Inclusive, com produções de países da América Latina. São, pelo menos, 100 produções da região até 2022.

Outro atrativo do HBO Max será a transmissão da Liga dos Campões, principal campeonato de futebol de times europeus. Os filmes lançados no cinema estarão também disponíveis na plataforma de vídeo 35 dias depois, sem custo adicional.

Serão dois pacotes de assinaturas. O Multitelas, o mais completo deles, custará a partir de R$ 20,07. Há um plano exclusivo para smartphones, com preço a partir de R$ 14,21.

Será suficiente para que os brasileiros assinem mais um serviço de streaming? Nos Estados Unidos, onde o HBO Max está disponível desde maio de 2020 e conquistou 44 milhões de assinantes, aparentemente foi.

Um levantamento realizada pela consultoria Ampere Analysis, em abril deste ano, mostrou que a Netflix perdeu 10% de participação nos Estados Unidos.

A companhia fundada por Reed Hastings seguiu crescendo o seu número de assinantes no País. Mas a sua fatia ficou menor. E, segundo esse levantamento, isso ocorreu desde que a HBO começou a apostar em sua própria plataforma.

Nos EUA, a Netflix domina com uma fatia de 20% do mercado de streaming de vídeos. Ela é seguida pela Amazon Prime, com 16%, e o Hulu, com 13%. O HBO MAX já é a quarto colocado, com 12%, à frente do Disney+, com 11%.

O Disney+ ultrapassou o número de 100 milhões de assinantes globalmente, um crescimento notável, mas sua base de expansão acontece mais fora dos Estados Unidos.

Se o conteúdo é rei, como gosta de dizer o cofundador da Microsoft, Bill Gates, os rivais da HBO Max sabem disso. Nesta quarta-feira, 26 de maio, a Amazon anunciou a aquisição da Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) por US$ 8,45 bilhões, dona da franquia 007, uma das mais bem-sucedidas das história do cinema.

O movimento da empresa fundada por Jeff Bezos é um sinal de que a disputa no campo dos serviços de streaming de vídeo será intensa. É um indicativo também de que talvez o vencedor não necessariamente vai ficar com tudo.