Esqueça os influenciadores digitais de carne e osso. Enquanto criadores de conteúdo para as redes sociais sofrem para se manter relevantes em meio à pandemia, uma alternativa surge na forma dos influenciadores virtuais. Eles podem estar em vários lugares ao mesmo tempo, são flagrados com celebridades do mundo inteiro, seguem postando mesmo em tempos de isolamento social, não adoecem. E podem ser bastante rentáveis.

A startup americana Superplastic tem mergulhado nesse conceito de forma radical. Ela criou um time de personagens com visual meio humano, meio animal, que se tornou um fenômeno das redes sociais. A conta da Superplastic no Instagram tem 1,3 milhão de seguidores e cada um dos personagens tem seu próprio perfil. No TikTok são outros 1,9 milhão de seguidores acompanhando as postagens de Janky e Guggimon, os dois principais “rostos” da companhia.

Eles aparecem nas redes usando tênis da Nike e roupas da Supreme. Usam lança-chamas para queimar caixas da Amazon e não fogem de polêmicas. O visual e a atitude descolada garantiram parcerias com marcas de luxo, como a Gucci, e com celebridades, como a banda inglesa Gorillaz.

Entre as marcas que já recrutaram Janky, Guggimon e os outros personagens da Superplastic estão Red Bull, McDonald's, o portal de moda e comportamento Complex, a fabricante de preservativos Trojan e a empresa de comidas congeladas Oscar Mayer.

Desde seu lançamento oficial, há pouco mais de um ano, eles já venderam mais de US$ 10 milhões em produtos. O portfólio inclui brinquedos para o público adulto e vestuário com temática urbana.

Uma camiseta custa o equivalente a R$ 230. Um blusão da parceria com a Gucci, R$ 400. E um conjunto com os bonecos dos quatro integrantes do Gorillaz chega a pouco mais de R$ 1.600. Eles enviam os produtos para o mundo inteiro, e as coleções limitadas e colaborações costumam esgotar em minutos.

O crescimento foi impulsionado pela pandemia. “As regras de quarentena ajudaram as vendas online”, afirma o fundador, Paul Budnitz, ao site Business Insider. “Isso foi muito útil para nós e me deu a chance de dizer não a tudo aquilo que não nos empolga de verdade”.

A empresa foi fundada por Budnitz, empreendedor, designer, artista e programador, com o objetivo de driblar o formato tradicional que estúdios de cinema costumam usar para promover novidades. Em vez de criar o filme ou a série e só então trabalhar os personagens nas redes sociais, Budnitz criou os personagens, tornou-os famosos e agora está explorando parcerias mais tradicionais.

O formato empolgou os investidores. Em 2019, a companhia recebeu um aporte de US$ 10 milhões liderado pelo fundo Craft Ventures, do empreendedor David O. Sacks. Em outubro de 2020, captaram mais U$ 6 milhões, dessa vez com participação do Google Ventures e de celebridades empreendedoras, como o músico Justin Timberlake.

Os recursos vão ajudar no desenvolvimento da marca, que tem grandes ambições. “Nossa visão não é pequena”, disse Budnitz. “Pense na Superplastic como os Vingadores e a Marvel. Ou como o Disney World original, com Mickey, Pato Donald e todo o resto”.

A estratégia da Superplastic concentra duas novas frentes que têm sido exploradas pelos influenciadores. A primeira é a mudança de foco da simples produção de conteúdo para marcas para o desenvolvimento de linhas de produtos que são vendidos diretamente a seus fãs e consumidores. Os posts pagos são a principal fonte de renda da maior parte dos influenciadores, mas eles já dão sinais de desgaste. A alternativa é desenvolver linhas de roupas, de cosméticos e até de alimentos.

A segunda é o uso de influenciadores digitais. O elenco da startup americana é o caso mais extremo, já que nenhum se parece com humanos. Mas personagens computadorizados vêm sendo usados com frequência cada vez maior. Lil Miquela é uma das mais populares. Tem três milhões de seguidores no Instagram, já fez parcerias com Prada e Calvin Klein posou em fotos com a cantora Pabllo Vittar.

No Brasil, o principal exemplo é a Lu do Magalu. Seu papel foi se transformando de simples assistente de compras a veículo de comunicação da marca. Nas redes do Magazine Luiza, ela faz propaganda de produtos, posa para foto ao lado de famosos e manda mensagens de datas comemorativas. Tudo que se espera de uma influenciadora.

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