À frente da BlackRock, gestora com US$ 7,8 trilhões em ativos sob gestão, Larry Fink é uma das vozes mais influentes do mercado financeiro. Cada palavra dita pelo CEO traz o peso da sua posição e dos seus 44 anos experiência no setor.

Os últimos quatro anos dessa jornada foram cumpridos sob as oscilações constantes nas bolsas de valores, a cada arroubo do presidente Donald Trump. Mas agora, com a eleição de Joe Biden, Fink reforça a expectativa por dias mais calmos na Casa Branca e, por consequência, em Wall Street.

“Eu acredito firmemente que o mercado deseja mais estabilidade, menos volatilidade”, disse Fink na noite da quarta-feira, 18 de novembro, durante um fórum promovido pela agência de notícias Bloomberg. “Eles estão procurando por uma voz que modere, não uma voz que incite.”

Para Fink, a vitória de Biden vai ao encontro dessa busca. “Eu realmente acredito que Biden pode ser essa voz da razão”, afirmou, sem deixar de fazer uma referência ao governo Trump. “Nós estamos todos cansados. Cansados de toda intensidade que escutamos em Washington.”

Entre os exemplos da era Trump que contribuíram para desestabilizar o mercado, Fink citou questões como as decisões imprevisíveis do presidente americano, as demissões de funcionários do alto escalão via Twitter e o aprofundamento da polarização política.

Ele também destacou o discurso da vitória feito por Biden, em 8 de novembro, quando o político democrata prometeu governar não para os “estados azuis ou vermelhos”, mas sim para os Estados Unidos. Azul é a cor do Partido Democrata. E vermelho, do Republicano.

A leitura de Fink vem sendo referendada pelo mercado. Após a vitória de Biden, o índice S&P 500, que mede as 500 ações mais negociadas nas Bolsas de Nova York e Nasdaq, subiu 1,2% no primeiro pregão depois da confirmação do resultado e teve a sua melhor performance na semana pós-eleição desde 1932.

"Os investidores são encorajados ao ter um líder que agora é mais inclusivo, um líder que poderá, provavelmente, trazer um pouco mais de harmonia global”, comentou o CEO da BlackRock. Ele também ressaltou o fato de os democratas não ficarem, mais uma vez, com o controle do Senado.

Para Fink, na visão do mercado, essa composição pode impedir a elevação de tributos ou de outras políticas sem as discussões necessárias na sociedade americana. “O mercado gosta de um governo dividido”, observou. “Os investidores querem ter certeza de que há um equilíbrio e um contrapeso adequados.”

Como um conselho a Biden, ele defendeu a necessidade de priorizar a criação de empregos e um amplo pacote de investimentos em infraestrutura. E quando questionado se poderia deixar seu posto na BlackRock para assumir algum cargo no governo democrata, Fink apenas respondeu: “Já me comprometi com meus funcionários, com meu conselho e com minha família. Por enquanto, vou ficar em Nova York.”

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