É de se esperar que o homem à frente de uma das maiores gestoras de ativos do mundo saiba "uma coisa ou duas" sobre o mercado. Por isso é bom dar ouvidos às suas análises.

Larry Fink, chairman e CEO da BlackRock, que tem US$ 7,4 trilhões de ativos sob gestão, acredita que o preço das ações estejam em descompasso com a realidade.

Em entrevista à rede americana de tevê CNBC, o megainvestidor afirmou que o que lhe impressiona é que "mais seres humanos estão sendo afetados hoje pela Covid-19 do que em 21 de março, quando o mercado estava 40% mais baixo". 

O investidor lembra ainda que a saúde financeira do país depende muito dos pequenos e médios empresários, que respondem por 70% da economia americana. Ainda assim, são justamente esses negócios os mais afetados pela pandemia e seus desdobramentos.

De um acordo com um levantamento conduzido em maio pela Harvard Business School, cerca de 100 mil pequenos comércios, ou 2% do total, já fecharam as portas permanentemente, o que dificulta ainda mais a retomada econômica nos EUA. Paralelo a isso, a taxa de desemprego oficial nos Estados Unidos segue elevada – saltou de 3,6% em janeiro para 13,3% em maio.

Para o Peterson Institute for International Economics, porém, a parcela realista da população desempregada é 17,1%, visto que a contagem oficial não aborda, por exemplo, os trabalhadores afastados de suas atividades sem nenhuma compensação financeira. 

Tudo isso faz Fink desconfiar da recuperação econômica e, consequentemente, cravar que o "mercado esteja um pouco fora de si". 

O chairman da BlackRock explica seu raciocínio dizendo que o preço dos papéis estão atrelados aos lucros das companhias no ano que vem, mas poucos executivos conseguem antecipar esses números.

"Apenas uma fração dos gestores acreditam que seus negócios voltem a ser tão robustos quanto em 2019, e a bolsa não reflete isso de maneira nenhuma", afirma Fin.

Ele lembrou que, na última quarta-feira, 24 de junho, os Estados Unidos confirmaram 45,5 mil novos casos da Covid-19 em um único dia, um recorde. "Tivemos a maior taxa de infecção do mundo, mas os mercados continuam estáveis." 

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