Homem mais rico do mundo com uma fortuna estimada em US$ 273 bilhões, Elon Musk está longe de adotar um perfil low profile. Ao longo dos últimos anos, ele colecionou polêmicas nas redes sociais. E a tendência é de que isso não vá parar tão cedo. Ainda mais agora que ele é dono de quase 10% das ações do Twitter.

O fundador da SpaceX e da Tesla assumiu uma participação acionária de 9,2% da rede social por quase US$ 2,9 bilhões. A aquisição foi realizada no dia 14 de março, mas só foi revelada nesta segunda-feira, 4 de abril, pela publicação de um documento regulatório.

O mercado reagiu de forma positiva ao interesse de Musk no Twitter. As ações do rede social já acumulam alta de aproximadamente 30% nesta segunda-feira, fazendo com que a empresa seja avaliada pelo mercado em mais de US$ 40,8 bilhões, o maior valor desde novembro do ano passado.

Em tese, isso poderia ser uma boa notícia para Parag Agrawal, executivo que assumiu o comando do Twitter em novembro do ano passado após a renúncia do fundador Jack Dorsey ao cargo. O novo CEO estabeleceu como meta gerar receita anual de US$ 7,5 bilhões e 315 milhões de usuários diários até o fim de 2023.

O problema é que Agrawal e Musk não possuem uma relação das mais amistosas. Na época do anúncio do novo diretor executivo do microblog, Musk chegou a comparar o Agrawal com o ditador soviético Joseph Stalin.

Ainda não dá para saber os planos do bilionário para o futuro da rede social. O que é óbvio é que o movimento já fez com que ele ficasse ainda mais rico. Desde o dia 14 de março, quando as ações foram compradas, o valor dos papéis já subiu mais de 50%. Numa conta rápida, isso rendeu quase US$ 1,5 bilhão ao empresário.

Personalidade polêmica

Musk tem uma longa história com o Twitter. Com mais de 80 milhões de usuários em sua conta oficial, ele vem colecionando problemas com suas mensagens no microblog.

Recentemente, ele lançou uma enquete no Twitter em que questionava se a rede social adere aos princípios de liberdade de expressão. Mais de 70% dos respondentes disseram que não. O bilionário, então, passou a escrever sobre a possibilidade do surgimento de uma nova plataforma.

Em 2018, a Security Exchange Commission (SEC), a CVM americana, abriu uma investigação contra o empresário após a publicação de um tuíte de Musk. “Estou considerando tornar a Tesla privada quando as ações chegarem a US$ 420 cada”, escreveu, em 7 de agosto daquele ano.

A SEC entendeu que Musk poderia ter cometido fraude e manipulação de mercado, ainda mais porque a mensagem fez com que o valor de mercado da montadora de veículos subisse de US$ 58,1 bilhões para US$ 64,5 bilhões em um único dia.

Num acordo firmado em 2019, Musk foi condenado a pagar uma multa de US$ 40 milhões – uma pechincha perto da fortuna do empresário. No acordo, no entanto, ele teve que aceitar que seus tuítes passassem a ser revisados antes de serem publicados na plataforma.

Os questionamentos recentes de Musk nas enquetes estão ligados com o que aconteceu naquela época. O empresário vem tentando desfazer o acordo judicialmente ao acusar o órgão americano de coibir sua liberdade de expressão na rede social, conforme informa uma ação movida em março deste ano. Até agora, sem sucesso.

Além das polêmicas com a SEC, Musk também já usou o microblog de forma polêmica em outras ocasiões. Numa dessas ocasiões, o bilionário chamou de pedófilo o mergulhador Vernon Unsworth, líder da equipe que realizou o resgate de 12 crianças presas em uma caverna da Tailândia. As postagens foram apagadas.

Por fim, o bilionário também é conhecido por tuitar com frequência sobre o mercado de criptomoedas. Suas mensagens, principalmente em relação a criptomoeda Dogecoin, foram consideradas alavancas para a valorização do ativo virtual. Outra moeda impulsionada pelo empresário foi a Shiba, que também multiplicou de valor após as postagens.