Há três anos, a Totvs deu início à expansão de sua atuação para além de softwares de gestão, área pela qual ficou conhecida no mercado, estabelecendo o chamado Ecossistema 3D. Ela estabeleceu a divisão de Business Performance, que oferece produtos e serviços para aumentar vendas e aprimorar relacionamento com cliente, e a divisão de serviços financeiros B2B, a Techfin. 

Enquanto as duas últimas ampliaram a oferta de soluções da Totvs para clientes e apontam para avenidas de crescimento no futuro, quem ainda está “carregando o piano” no presente é a parte de gestão, cujo desempenho deve fazer a empresa entregar um balanço robusto no segundo trimestre, de acordo com o Santander. 

Mas esse descompasso foi um dos motivos para que os analistas Felipe Cheng e Cesar Davanco decidissem reduzir o preço-alvo das ações da Totvs de R$ 41,00 para R$ 36,00. Outros fatores foram o aumento do custo de capital e projeções mais conservadoras com relação a margens.

“Em nossas novas estimativas, nós incorporamos uma visão mais cautelosa a respeito do crescimento das verticais Business Performance e Techfin, uma vez que elas têm tido desempenho abaixo do que a gente e o mercado esperavam”, diz trecho do relatório. 

Essa performance mais tímida deve ser vista no segundo trimestre. Os analistas do Santander esperam que Business Performance apresente um crescimento da receita pro forma, em base anual, menor ao visto no primeiro trimestre – 33% versus 28% –, com a margem ficando estável ante os primeiros três meses do ano.

A área ganhou destaque em março do ano passado, quando a Totvs adquiriu a RD Station por R$ 1,8 bilhão, com a qual encorpou suas ofertas de serviços de marketing e eficiência de vendas. 

Em Techfin, que será parte de uma joint venture firmada com o Itaú para a distribuição de produtos financeiros para clientes da Totvs, a geração de crédito deve somar R$ 2,6 bilhões, estável ante o primeiro trimestre, com o portfólio total também não apresentando avanço. A área ganhou força com a compra do controle da Supplier, uma fintech B2B adquirida pela Totvs em 2019 por R$ 455 milhões, que integrava suas soluções a plataformas de gestão como as que a Totvs possui.

Já a parte de sistemas de gestão deve apurar um aumento de 28% na receita recorrente, em base anual, para R$ 717 milhões, em função de aumento das vendas, controle de churn (índice de cancelamentos) e o repasse da inflação aos consumidores.

Com este desempenho, os analistas projetam que a receita consolidada da Totvs registrará um crescimento de 30% em relação ao segundo trimestre do ano passado, para R$ 967 milhões.

Para o Ebitda, os cálculos apontam para R$ 223 milhões, aumento de 21% em relação ao mesmo período do ano passado. Já para o lucro líquido, os analistas estimam um aumento de 43%, para R$ 112 milhões. 

“Nós esperamos que a aceleração do crescimento da receita recorrente na parte de software de gestão seja o destaque do trimestre, mais do que compensando o menor crescimento em Business Performance e Techfin”, diz trecho do relatório. 

Mesmo tendo reduzido o preço-alvo da Totvs, o Santander reiterou a recomendação de compra das ações, avaliando que a empresa tem perspectivas favoráveis de crescimento neste ano e no próximo, ainda que Business Performance e Techfin estejam apresentando resultados abaixo do potencial. 

As ações da Totvs fecharam o pregão desta quarta-feira, dia 27 de julho, em alta de 4,23%, a R$ 26,14. No ano, elas acumulam queda de 8,7%, levando o valor de mercado da empresa para R$ 15,8 bilhões.