Logo pela manhã desta terça-feira, 3 de agosto, a corretora Avenue Securities, que atua com investimentos no exterior, anunciou um aporte de R$ 150 milhões. Logo depois, foi a vez da idtech unico divulgar que se tornou um unicórnio ao receber um cheque de R$ 625 milhões. Horas mais tarde vem à tona que a Omie, que desenvolve uma plataforma de gestão na nuvem, estava recebendo também um investimento de R$ 580 milhões.
Esses aportes que somados movimentaram R$ 1,355 bilhão têm um nome em comum: o Softbank, que desde 2019 criou um fundo com US$ 5 bilhões para investir em empresas na América Latina – e deve dobrar a aposta com mais US$ 5 bilhões.
É claro que as cifras divulgadas hoje não são exclusivas do fundo do japonês Masayoshi Son. Em todas essas movimentações, outros nomes colideraram ou seguiram os aportes, como General Atlantic, Igah Ventures, Big Bets e até mesmo gestoras que tradicionalmente investem em companhias de capital aberto, como Dynamo, VELT, Hix Capital, Bogari Capital e Brasil Capital
Mas não deixa de ser ilustrativa do apetite do Softbank na região. Em pouco mais de dois anos e meio, já foram 37 empresas que receberam o cheque do fundo. Dessas, 11 delas se tornaram unicórnios, como são chamadas as empresas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão. Quatro têm capital aberto, como são os casos de VTEX, Afya, Banco Inter e Dotz.
Quando começou a investir na região, muitos acreditavam que não haveria projetos suficientes para receber os investimentos do Softbank. Tanto, que no início, a aposta se concentrou nos “cavalos” óbvios. Nomes como Loft, QuintoAndar, Creditas, Gympass, Rappi, Kavak e Loggi estiveram entre as primeiras startups a receber os cheques milionários da gestora na região.
Mas uma estratégia pouco notada – e nem tanto comentada – passou a ser uma fonte importante de deal flow para o Softbank fazer apostas certeiras na região. Uma parcela dos US$ 5 bilhões que o Softbank anunciou que investiria na América Latina foi destinada para fundos de venture capital que apostam, em geral, em startups em estágios iniciais – do seed as séries A e B. Receberam esses recursos nomes como Valor Capital, Kaszek, Igah Ventures, Volpe Capital e Atlantico.
Embora já tenha afirmado que a intenção nunca foi gerar negócios, a posição nesses fundos permite ao Softbank, como limited partner, ter acesso aos números de diversas startups e saber quais delas estão mais prontas para receber um cheque maior.
A unico e a Avenue Securities são dois exemplos, pois fazem parte do portfólio da Igah Ventures. A Omie, ao contrário, não tinha nenhuma dessas gestoras na sua base de acionistas, mas contava com a Riverwood Capital, que já havia coinvestido com o Softbank na VTEX – aliás, uma prática bastante comum no mercado de venture capital.
Recentemente, Paulo Passoni, sócio do Softbank Latin America Fund, fez uma previsão que ele próprio chamou de maluca. De acordo com ele, em um período de dois a três anos, os investimentos de venture capital e growth equity na América Latina vão passar fácil de US$ 10 bilhões. E, de cinco a dez anos, chegam a um patamar entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões.
Segundo um investidor com quem o NeoFeed conversou, lembrando esses números, essa é uma profecia autorrealizável. Um dia vida do Softbank, como esta terça-feira, 3 de agosto, mostra que de maluca a previsão de Passoni não tem nada.