No final de 2020, a Arezzo&Co deu um passo significativo e transformador, depois de mais de 40 anos atuando com calçados. Com a compra da Reserva, a companhia deu a partida na estratégia de se transformar numa marca de vestuário e lifestyle, movimento que fez com que a companhia alcançasse a marca de R$ 1 bilhão de receitas.

Ainda que as expectativas sejam de que o crescimento siga forte, a XP Investimentos viu a necessidade de ajustar o passo previsto em suas projeções, diante de alguns aumentos nos custos e no endividamento. O resultado foi uma redução do preço-alvo das ações da companhia, de R$ 100 para R$ 98 - ainda assim um upside de quase 19% sobre o valor atual de negociação do papel.

“Estamos atualizando nossas estimativas com os últimos resultados, estrutura de capital mais atualizada e a refletindo a nova contabilização de alguns contratos de aluguel a partir do quarto trimestre de 2022”, diz trecho do relatório assinado pelos analistas Danniela Eiger, Thiago Suedt e Gustavo Senday.

A companhia tomou a decisão de ajustar alguns contratos de aluguel, que estavam sendo reconhecidos como despesa, mas deveriam ser reconhecidos como arrendamento, para ficar dentro das normas de contabilidade.

Em relação à estrutura de capital, a XP elevou as projeções para o endividamento. A companhia já tinha anunciado que a dívida total cresceu de R$ 401,8 milhões para R$ 1 bilhão, em meio à captação de crédito pela companhia. Com isso, as projeções para a dívida bruta total em 2023 e 2024 foram ajustadas em 165% e 167,4%, para R$ 1 bilhão.

O resultado desses dois pontos fez os analistas da XP reduzirem a projeção do lucro líquido em 2023 e 2024. A perspectiva para o resultado deste ano caiu 19,5%, a R$ 448 milhões, enquanto para o próximo ela foi reduzida em 17,3%, a R$ 592 milhões.

Mesmo com a última linha do balanço revisada para baixo, os analistas da XP permanecem otimistas com a Arezzo&Co, motivo pelo qual mantiveram a recomendação de compra.

A reserva da Arezzo

Afirmando que a companhia é um nome de alta qualidade e sólido histórico de execução, eles destacam que a Reserva deve continuar sendo um fator importante para o crescimento da Arezzo&Co, diante das boas perspectivas do mercado.

Baseado numa projeção do Sebrae, de que a moda masculina movimenta atualmente cerca de R$ 15 bilhões no País, os analistas estimam que a Arezzo&Co pode atingir cerca de R$ 3 bilhões desse mercado no longo prazo, com a Reserva sendo responsável pela maior parcela.

Segundo os analistas, isso implicaria em uma participação de mercado em torno de 10%, assumindo que a penetração do segmento A e B no vestuário masculino é menor que no mercado de calçados femininos, perto de 40%.

“Continuamos vendo a companhia como um nome de alta qualidade e sólido histórico de execução, enquanto acreditamos que a Reserva representa uma avenida de crescimento importante, com sólidas perspectivas pela frente”, diz trecho do relatório.

Ainda que tenha reduzido as projeções para o lucro líquido em 2023, os analistas da XP esperam que o momento de resultados melhore no segundo semestre, frente a bases de comparação anuais mais normalizadas e ganhos em capital de giro, mesmo com uma visão mais cautelosa quanto à expansão internacional da empresa.

Por volta de 13h30, as ações da Arezzo&Co subiam 2,5%, a R$ 82,47. No ano, elas acumulam alta de 5,5%, levando o valor de mercado a R$ 9,1 bilhões.