A trajetória da taxa de juros nos Estados Unidos é, sem dúvida, o principal tema de economia em 2022. Investidores buscam qualquer tipo de sinal do Federal Reserve (Fed, o banco central) sobre o rumo da política monetária para entender se a maior economia do mundo vai entrar em recessão e o que isso significa para os investimentos. 

Considerando a evolução da inflação por lá, que em setembro superou as expectativas e alcançou 8,2% no acumulado de 12 meses, o mercado começa a acreditar que o aumento da taxa básica de juros está longe de terminar, como mostram as curvas futuras de juros. 

Segundo elas, os investidores passaram a precificar que os juros alcançarão o pico de 5% em maio de 2023, acima da mediana de 4,6% das projeções anteriores, de acordo com o Financial Times. Atualmente, a taxa básica de juros americana está entre 3% e 3,25%. 

As apostas que o Fed terá de fazer um aperto mais robusto se intensificaram depois que os dados de inflação de setembro mostraram uma aceleração das pressões inflacionárias em relação a agosto, alcançando uma série de produtos e serviços utilizados pelos americanos. 

Para os investidores, a autoridade monetária americana deve optar por mais um aumento agressivo na reunião prevista para os dias 1 e 2 de novembro, de 0,75 ponto percentual, o quarto consecutivo. Isso levará a taxa de juros a ficar na faixa de 3,75% e 4%. 

O plano do Fed é elevar os juros a um ponto em que a atividade econômica fique restrita e mantê-los nesse nível por um período prolongado.

Para que os juros não subam ainda mais, os oficiais do Fed já declararam que precisam ver sinais de arrefecimento da inflação mês a mês, em especial do núcleo, que desconsidera itens mais voláteis como alimentos e energia. 

Mas essa não parece ser a perspectiva de muitos integrantes do Fed. Segundo Neel Kashkari, presidente do Fed Minneapolis, a barra para interromper a alta dos juros é alta. 

“Se não identificarmos progresso na inflação ou em seu núcleo, não vejo por que deixaria de advogar parar [a alta dos juros] em 4,5%, ou 4,75, ou algo do tipo”, disse ele em evento. “Precisamos ver progressos reais no núcleo da inflação e na inflação de serviços, e nós não vimos isso até agora.”

E alguns bancos entendem que o Fed terá de ser ainda mais duro para debelar a pressão inflacionária. O UBS, por exemplo, estima que os juros atingirão pico de 5,25% em fevereiro de 2023, fechando o próximo ano em 4,75%.