ANAHEIM — Criada para ajudar a povoar um imaginário de super-heróis que não para de crescer, a série Agatha Desde Sempre é uma promessa de novo fôlego para o Universo Cinematográfico Marvel (MCU).
Por ser uma bruxa, a personagem Agatha Harkness abre caminho para narrativas mais mágicas, sobrenaturais e demoníacas, o que foi pouco explorado até agora na franquia de quase 50 produções, para o cinema e para a TV.
“É um passeio divertido e amedrontador, bem a tempo da comemoração de Halloween”, disse Kevin Feige, presidente da Marvel Studios, Kevin Feige, no palco do Honda Center, na última D23, realizada em Anaheim, na Califórnia.
Durante a convenção bianual para os fãs da Disney, que teve cobertura do NeoFeed, a série ganhou uma apresentação parecida com uma conjuração de bruxas, com cantos e risadas arrepiantes do elenco, dando ideia do novo tom, algo que pode influenciar produções audiovisuais futuras da Marvel.
Concebida como spin-off de WandaVision, Agatha Desde Sempre é uma forma da Marvel capitalizar não só o sucesso do programa original quanto a popularidade alcançada pela atriz Kathryn Hahn.
Ela brilhou no papel da Agatha Harkness, que antes de se revelar como a bruxa ancestral, era apenas a amigável Agnes — a vizinha de Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen), uma personagem que se encarregava do alívio cômico nos primeiros capítulos, sem que Wanda ou o espectador pudesse imaginar sua verdadeira identidade ou suas reais intenções.
Com estreia em 18 de setembro no catálogo do Disney+, Agatha Desde Sempre dará sequência aos acontecimentos de WandaVision, a série que, em sua estreia, em 2021, figurou no ranking Nielsen Streaming Top 10.
Proposta ousada
O original estourou, em parte, pela proposta ousada, a de apresentar uma personagem da Marvel (Wanda Maximoff, a Feiticeira Escarlate) como dona de casa de um sitcom, ambientado em Westville.
Só mais tarde o espectador descobre se tratar de uma projeção fantasiosa de Wanda, por sua dificuldade em lidar com a morte de Visão (Paul Bettany), ocorrida no filme Vingadores: Guerra Infinita, de 2018.
Apesar dos poderes de telecinesia e de alterar a energia e o tempo de Wanda, o que explicaria a distorção da realidade, a graça estava no fato de Agatha estar no comando, arquitetando tudo dos bastidores. Ela simplesmente manipulava a protagonista para tentar drenar o poder da feiticeira, que era muito superior ao dela.
O spin-off de Agatha terá início com a personagem se libertando, com a ajuda de um adolescente, do feitiço lançado por Wanda no final de WandaVision.
Livre, Agatha, apresentada pela primeira vez pela Marvel Comics, em janeiro de 1970, na revista do Quarteto Fantástico, é convencida pelo rapaz a acompanhá-lo no Caminho das Bruxas. Trata-se de um percurso aterrorizante que promete recompensar bem seus sobreviventes.
O fato de Agatha ganhar um programa só seu sinaliza um papel maior que a bruxaria promete ganhar no universo da Marvel, possivelmente em produções de terror. Até então o único título que flertou com o místico foi Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, em 2022.
A saturação do multiverso
Se der certo, Agatha Desde Sempre pode influenciar positivamente o desenvolvimento de Blade, filme sobre o caçador de vampiros, ainda em produção e com previsão de lançamento nos cinemas em 2025. A bruxa deve ainda ajudar a fazer conexões com outros personagens do MCU ligados a forças demoníacas como o Motoqueiro Fantasma, além de Blade.
O que mais se viu até agora foram filmes e séries que ajudam a expandir o conteúdo dos super-heróis da casa com foco na ação e na comédia. O aspecto sobrenatural também chega no momento certo, já que independentemente do gênero, as últimas produções se apoiaram demais no conceito de multiverso.
Não foi à toa que uma cena de Deadpool e Wolverine faz piada do recurso de infinitas realidades coexistindo ao mesmo tempo, o que parece ter sido um artifício narrativo obrigatório nas tramas de heróis dos últimos tempos.
“Foi um fracasso atrás do outro”, alfinetou Deadpool no filme, referindo-se a desastres de bilheteria do ano passado, como Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania e As Marvels.
O primeiro foi realizado com US$ 326 milhões e arrecadou US$ 476 milhões, enquanto o segundo custou US$ 274 milhões e só vendeu US$ 206 milhões em ingressos, resultando na pior performance já registrada pela franquia Marvel nas telas.