A poucos meses de sua fazer sua estreia dupla na bolsa de valores, com ações simultaneamente negociadas na "Nasdaq chinesa", a STAR, em Xangai, e em Hong Kong, o Ant Group começa a revelar alguns de seus segredos.

A companhia, que espera ser avaliada em US$ 200 bilhões com o IPO, nunca foi muito clara quanto aos seus números e modelo de negócio. Mas agora vai ter que explicar ponto a ponto o que faz e como faz.

No começo deste mês, a empresa divulgou, por meio de um relatório do Alibaba, de Jack Ma, que controla 33% de seus papéis, que o lucro do semestre encerrado em março foi de US$ 3,5 bilhões. 

Embora não forneça uma explicação sobre as movimentações e produtos que levaram a esse número, sabe-se que a maior parte dos recursos são provenientes das plataformas de pagamento, usadas por 1 bilhão de pessoas na China.

Destes, o Alipay é a maior estrela, com 1,3 bilhão de usuários globais e 54,5% do mercado de pagamento chinês, avaliado em US$ 6,8 trilhões, segundo analistas ouvidos pelo Technode, portal especializado em notícias de tecnologia da China. 

Para fins comparativos, o WeChat, app mais popular da China, tem 1,17 bilhão de usuários. Destes, 800 milhões utilizam a solução de pagamento WeChat Pay, que abocanha 38,9% do mercado.

Apesar da liderança na China, a companhia atingiu o lucro apenas recentemente. Em 2018, o Ant Group reportou prejuízo de US$ 275 milhões por conta de gastos com "campanhas e promoções agressivas de marketing", usadas para a aquisição de usuários.  

Desde que foi lançado, em 2014, o Ant Group viu sua avaliação privada decolar junto com suas atividades. Em 2015, numa rodada de investimento, a empresa foi avaliada em US$ 45 bilhões. No ano seguinte, seu valor saltou para US$ 60 bilhões.

Já em 2018, depois de levantar US$ 14 bilhões com investidores domésticos e estrangeiros, o Ant Group foi avaliado em US$ 150 bilhões. Agora, no IPO, que está previsto para acontecer em outubro, a expectativa é chegar a US$ 200 bilhões. 

Esse pode ser o maior IPO da história, superando o do Saudi Aramco, que levantou US$ 29,4 bilhões em dezembro de 2019. Antes disso, o recorde era do Alibaba, que captou US$ 25 bilhões em 2014, na sua abertura de capital.

Entre os principais investidores estão os fundos Warburg Pincus, Carlyle Group LP, Silver Lake, General Atlantic e o Primavera Capital Group.

A abertura de capital tem obrigado o Ant Group a ser mais transparente também na montagem de seu conselho. Na semana passada, a companhia anunciou que adicionou três diretores independentes ao seu conselho.

A medida deve suavizar as críticas de acionistas que alegavam ter acesso limitado às informações da empresa e que, os poucos dados repassados, chegavam às suas mãos com atraso. 

Outra mudança significativa às vésperas do IPO do Ant Group foi a "derrubada" do termo Financial do nome da companhia, que antes atendia por Ant Financial.

Esse ajuste ao nome da empresa sinaliza a intenção de ser reconhecida como uma empresa de tecnologia cuja operação deve focar cada vez mais nas soluções tecnológicas oferecidas a bancos, agências de investimento e outros negócios que oferecem empréstimos e linhas de crédito. 

Em 2017, o então CEO do Ant Group, Eric Jing, havia dito a investidores que a companhia não era uma simples fintech e nem uma tech company, mas uma "techfin company".

O nome Ant Group, que significa "Grupo Formiga", em português, é para sinalizar que a empresa trabalha para servir os "pequenos" usuários, fazendo referência ao tamanho do inseto. 

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