Em janeiro deste ano, em entrevista ao NeoFeed, o Agibank antecipou o desenvolvimento de uma série de iniciativas para encorpar sua operação, na esteira de um aporte de R$ 400 milhões recebido em setembro de 2020, do fundo de private equity Vinci Partners.
Agora, o banco digital está tirando um desses projetos do forno e entrando em uma das arenas mais concorridas do mercado financeiro. Batizado de Agi Investimentos, o aplicativo que acaba de ser lançado marca a estreia da empresa no campo das plataformas abertas de investimentos.
“Essa é a primeira entrega do ecossistema que estamos construindo”, diz Marcelo Oliveira, sócio e diretor do Agibank, ao NeoFeed. “Apesar da concorrência crescente nesse espaço, ainda existe um oceano azul a ser explorado que está concentrado nos cinco maiores bancos do Brasil.”
Ex-diretor da Cielo, Oliveira chegou ao banco digital em janeiro para liderar a estruturação de novas áreas no portfólio. No caso do aplicativo, os testes tiveram início em março, com um pequeno número – não revelado – de clientes. Desde então, o tíquete médio registrado pela plataforma é de R$ 124 mil.
Disposto a alavancar esse número, Oliveira diz que uma das vias iniciais para escalar a oferta é explorar as vendas cruzadas junto aos cerca de 3 milhões de clientes do banco, conhecido por sua atuação junto aos correntistas de mais de 50 anos.
Com essa base, o Agibank fechou o primeiro semestre de 2021 com R$ 4,9 bilhões em ativos e uma carteira de crédito de R$ 3,7 bilhões. Nesse intervalo, o lucro líquido do banco foi de R$ 27,5 milhões. A partir do lançamento do app, ele ressalta, porém, que é o plano é ir além desse universo de clientes.
“Nossa proposta tem um viés de falar com um público mais amplo do que aquele que atendemos”, afirma o executivo. “Por isso, a plataforma foi pensada para atender todos os perfis do investidor do varejo, do mais conservador ao mais arrojado, dos clientes aos não-correntistas.”
Sem a cobrança de tarifas, com exceção das taxas de administração de cada fundo, a Agi Investimentos traz mais de 650 fundos disponíveis para investimento, além de um home broker, opções de tesouro direto, títulos de renda fixa, certificados de operações estruturadas, ações, debêntures e previdência.
O pacote incluirá ainda o serviço de remessas internacionais de valores e a opção de comprar e receber moedas estrangeiras em casa ou no escritório. No lançamento, essa última alternativa está disponível nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Campinas e Curitiba.
No caminho para consolidar sua plataforma, o Agibank vai encontrar nomes que já estão percorrendo essa trilha há muito mais tempo. Além da XP, precursora entre as plataformas abertas, essa arena inclui grandes bancos, como o Bradesco, com a Ágora, o Santander, com a Pi, e o Itaú Unibanco, com o íon.
O leque de concorrentes também passa por outros nomes de peso, como o BTG Pactual, além de bancos digitais, fintechs e corretoras, como Inter, Neon, Nubank, Modalmais, Warren e Magnetis.
“Existe um grande benefício de chegar um pouco depois”, observa Oliveira, quando questionado se o Agibank está chegando atrasado nessa corrida. “O que estamos fazendo já absorveu muito da curva de erros e acertos de muitos desses players.”
O executivo destaca alguns dos pontos que, em sua visão, vão complementar a plataforma, parte de uma estratégia mais ampla do banco. Entre eles, o apoio das 805 redes de hubs físicos de atendimento da companhia e também outras novidades recentes.
Uma delas é o Agi Compras, marketplace de serviços financeiros e não financeiros lançado em junho e que já conta, entre outras ofertas, com mais de 300 lojas que oferecem descontos e cashback. A relação passa por parceiros como Casas Bahia, Lojas Americanas, Carrefour, Centauro, Nike, Natura e Cobasi.