Fundada em 2015, a Magnetis foi, ao lado de nomes como Warren, Vérios e Monetos, uma das pioneiras do País no uso de tecnologia para montar e gerir, de forma automatizada, carteiras de investimento em linha com os perfis e objetivos de cada cliente.

Sob o discurso de ampliação do acesso, a fintech também ficou conhecida por oferecer uma aplicação mínima de R$ 1 mil. Com esse desenho, a gestora acumula mais de 800 mil planos montados e R$ 750 milhões de ativos sob gestão. E projeta fechar 2021 com mais de R$ 1 bilhão na plataforma.

Para bater essa meta, seus robôs e algoritmos vão começar a trabalhar também para bolsos mais amplos. A gestora está lançando oficialmente o Magnetis Infinity, portfólio voltado ao segmento de clientes private e de alta renda, com investimentos a partir de R$ 1 milhão.

“Começamos a ter uma demanda orgânica e entendemos que nosso modelo também casa com esse investidor”, diz Luciano Tavares, fundador e CEO da Magnetis, ao NeoFeed. “Apesar de uma falsa impressão do mercado, esse cliente sofre os mesmos problemas daquele que têm menos patrimônio.”

Os problemas que Tavares menciona envolvem os bancos e corretoras que investem em comissões para a venda dos produtos. Para contrapor essa orientação, que ele julga pouco transparente, a Magnetis cobra uma taxa única e devolve ao cliente 100% do valor dos rebates e das comissões.

Esse mesmo modelo está sendo ofertado aos clientes do Infinity, portfólio que começou a ser testado ainda em 2020, com um grupo seleto de 100 investidores, e que agora está disponível para todo o mercado.

O uso dos robôs e algoritmos para identificar a carteira mais adequada aos objetivos do investidor também compõe a nova oferta. Mas há diferenciais na comparação com o modelo que fez a Magnetis captar R$ 80 milhões junto a fundos como Redpoint eventures, Monashees e Vostok Emerging Finance.

O primeiro deles são fundos exclusivos, aos quais os demais clientes da gestora não têm acesso. Esse portfólio inclui, por exemplo, o Fundo Verde Multimercado, da Verde Asset Management, que tem um histórico de retorno de mais de 18.600% desde o início da sua operação, em janeiro de 1997.

Outra oferta é o Dynamo Cougar Ações, da Dynamo, que possui um retorno anualizado de 47,52% desde a sua criação, em setembro de 1993, contra uma taxa de retorno de 29,21% do Ibovespa nesse mesmo intervalo. Há opções ainda como o SPX Raptor multimercado e o Atmos Ações.

“Temos também um atendimento mais personalizado e exclusivo com uma equipe dedicada”, afirma Tavares. “E serviços complementares, dado que esse cliente geralmente já constituiu reservas e tem demandas diferentes relacionadas a questões como planejamento de aposentadoria e sucessão.”

O plano da gestora é concentrar mais essa oferta nos investidores com patrimônio entre R$ 1 milhão e R$ 20 milhões. Com foco maior dentro desse universo, o CEO da fintech entende que esse segmento pode, no médio prazo, representar metade dos ativos sob gestão da Magnetis.

Ao entrar nessa nova arena, a Magnetis amplia seu escopo para capturar mais investidores, especialmente os clientes private normalmente atendidos pelos grandes bancos e corretoras. Em um contraponto, muitos desses rivais também estão investindo em modelos que guardam paralelos com a proposta da fintech.

Há cerca de duas semanas, a Toro Investimentos, controlada pelo Santander, anunciou a aquisição da Monetus. Alguns dias antes, a XP comprou uma fatia da Giant Steps, que trabalha com algoritmos e modelos matemáticos e vinha sendo cobiçada também pelo BTG Pactual.

Outro caso é a Itaú Asset Management que, no mês de abril, reforçou seu portfólio de Multimesas com a integração da Quantamental, gestora que trabalha com uma dezena de robôs e fundos quantitativos.

Ao mesmo tempo, pares mais próximos da lógica da Magnetis estão com o caixa recheado. Entre eles, a Warren, que levantou R$ 300 milhões no fim de abril, em uma rodada liderada pelo GIC, o fundo soberano de Cingapura.