Com cerca de R$ 7 bilhões sob gestão e uma das referências no País dentro do segmento de fundos de investimento sistemáticos, a Giant Steps tornou-se um ativo cobiçado por alguns dos principais nomes do mercado brasileiro de investimentos.

Na manhã desta sexta-feira, essa disputa conheceu um vencedor. A XP Inc. anunciou a compra de uma participação minoritária – não revelada – na gestora. Com o acordo, a empresa superou o BTG Pactual, que também estava interessado no negócio.

A transação é mais um capítulo no embate entre as duas empresas. Nesta semana, a XP também já tinha levado a melhor ao anunciar que irá criar uma corretora em sociedade com a Messem, no domingo 30 de maio, e com a Monte Bravo Investimentos, na quarta-feira 2 de junho, principal escritório de agentes autônomos sob a sua alçada e que vinha sendo assediado pelo BTG Pactual.

“Essa parceria coloca a XP ao lado de uma das gestoras mais inovadoras do País, que vem gerando resultados robustos nos últimos anos para os seus clientes por meio do uso intensivo de tecnologia. Isso, aliado um time excepcional, posiciona a Giant Steps como o principal player desse mercado em franco crescimento”, afirmou Gustavo Pires, sócio da XP, em comunicado sobre a transação.

Sócio-fundador da Giant Steps, Flavio Terni também comentou o acordo: “Vamos acelerar ainda mais nossos investimentos nas frentes que acreditamos ser as maiores fontes de vantagem competitiva: pessoas, ampliação da infraestrutura tecnológica e aquisição/desenvolvimento de dados alternativos (que vão desde análise de sentimento no Twitter até processamento de imagens e vídeos)”, observou.

Fundada em 2012, a Giant Steps investe no segmento de fundos quantitativos, um mercado mais disseminado e já comum em países como os Estados Unidos e que parte de ofertas baseadas em recursos como algoritmos, modelos matemáticos, inteligência artificial e machine learning.

Para concretizar esse formato no mercado brasileiro, a equipe da gestora conta com cerca de 50 profissionais, entre PhDs, doutores e mestres em áreas como matemática, engenharia e computação. Esse time foi responsável por resultados de destaque na indústria de fundos multimercados.

Carro-chefe da gestora, o fundo Giant Zarathustra, por exemplo, registra, desde 2012, um retorno absoluto de 290% contra 110% do CDI. O portfólio da casa inclui ainda o fundo Giant Sigma, que acumula um retorno de 33% contra 13% do CDI, desde 2018.

Ainda nesse ano, esse pacote será reforçado com um fundo de ações baseado em dados alternativos e um fundo de criptoativos, que terá o bitcoin como referência. Pelos termos do acordo, a Giant Steps seguirá operando de forma independente. Há, no entanto, alguns planos a partir da transação.

Com a nova sócia, a Giant Steps planeja acelerar os planos de expansão nacional e internacional, do portfólio de produtos com a criação de novas estratégias e, com a presença internacional da XP, espera abrir filiais fora do Brasil e acelerar as contratações de profissionais de outros países.

O mercado de fundos quantitativos já responde por mais de 30% dos ativos sob gestão nos Estados Unidos. No Brasil, os números ainda são incipientes, com uma fatia de menos de 2% do total de patrimônio alocado em fundos.

Um dos nomes que estão apostando nessa modalidade é a Itaú Asset. Em abril, a gestora anunciou a integração da Quantamental, que trabalha com esses modelos, ao seu portfólio. A incorporação se deu por meio do Multimesas, braço de mini-gestoras da casa.

Entre outros recursos, o modelo da Quantamental envolve uma dezena de robôs, com nomes, avatares e perfis próprios. Esse “time”, ao lado da equipe de profissionais da gestora, já trabalha com duas ofertas de fundos quantitativos dentro da Itaú Asset.