Depois de um início de ano marcado por desconfiança e receio dos investidores, o mercado de renda variável caminha para fechar 2023 com um saldo extremamente positivo. O Ibovespa deve apresentar a melhor rentabilidade acumulada desde 2019, de 19,2%, segundo levantamento do consultor Einar Rivero.

E a tendência é de melhora daqui em diante. E essa mudança de humor já se reflete nos analistas de diversas casas, que têm demonstrado otimismo com as perspectivas para o mercado de ações em 2024, que pode superar seus pares internacionais.

O Santander é um daqueles com boas expectativas para o ano que vem, projetando o Ibovespa na casa dos 160 mil pontos. O desempenho está acima do esperado pelo BB Investimentos e pela XP Investimentos, que apontam para desempenhos mais baixos - 141 mil pontos e 143 mil pontos, respectivamente.

Segundo os analistas Aline Cardoso, Luane Fontes e Guilherme Motta, do Santander, a redução da Selic para a casa dos 9,5% ao ano ao fim de 2024, as grandes chances de um soft landing da economia dos Estados Unidos e as ações em valuations historicamente baixos compõem um cenário favorável para o Ibovespa.

“Lá em junho, nós falamos que o mercado de ações brasileiro estava em um ciclo de bull market por conta do ciclo de redução da taxa de juros no Brasil”, diz trecho do relatório. “Desde então, o Ibovespa subiu 15%, mas achamos que existe espaço para um rali mais forte.”

Mesmo com a recente alta, os analistas do Santander destacam que o Ibovespa registra um múltiplo P/E de 8 vezes, abaixo da média dos últimos 15 anos.

Eles apontam ainda que as empresas devem registrar uma recuperação de resultados. Projetando uma queda média de 20% do lucro por ação das empresas brasileiras em 2023, o Santander estima uma alta de 15% em 2024, com o grosso da recuperação sendo liderada por nomes domésticos, dentro dos setores de educação, transportes e varejo.

Apesar desta recuperação, o Santander colocou Localiza, Equatorial e BTG Pactual nas primeiras posições de seu portfólio sugerido. Os analistas também demonstraram predileção pelos papéis do Mercado Livre para se expor ao mercado de consumo interno.

Bons retornos

Junto com o cenário macro favorável, valuation favorável e tendência de melhora operacional das companhias, outro fator que deve ajudar a impulsionar o Ibovespa para patamares recordes em 2024 é o nível de retorno dos papéis.

É o que mostra um levantamento feito pelo Itaú BBA, apontando que o mercado brasileiro registra o maior retorno sobre patrimônio (ROE, na sigla em inglês) entre os emergentes.

A expectativa é de um ROE de 18,1% em 2024, acima dos 15,9% previstos para Colômbia e Indonésia, que disputam a segunda colocação no ranking de 14 países e a média de 12% que o grupo de emergentes deve registrar em 2024, segundo relatório assinado pelos analistas Daniel Gewehr, Matheus Marques e Victor Cunha.

O momento também é favorável em termos históricos para o País, considerando que o ROE médio nos últimos cinco anos estava na casa dos 17,6%. Nos últimos dez anos, ficou em 12,2%.

Os analistas do Itaú BBA apontam que nomes do setor de commodities, especialmente no segmento de óleo e gás, puxam para cima as projeções do ROE do mercado brasileiro, com retorno médio de 26,2%.

“Comparado com seus pares emergentes, destacamos que o Brasil também apresenta retornos acima da média em utilities e no setor financeiro, assim como em energia e no setor de bens de capital”, diz trecho do relatório.

Considerando o valuation mais baixo e as perspectivas de retornos, os analistas do Itaú BBA demonstraram preferência por Prio, Petrobras, CPFL, Direcional, Banco do Brasil, e Randon.

Por volta das 12h17, o Ibovespa subia 0,47%, aos 130.815 pontos.