Das latas de cerveja e refrigerante, embalagens e eletrodomésticos a prédios e locais como o estádio do Maracanã e o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Passando por carros e aviões até o caça sueco Gripen e os equipamentos e robôs enviados a missões espaciais em Marte.

Com presença em cerca de 80 países, avaliado em € 19 bilhões e mais conhecido no Brasil por marcas como Coral, o grupo holandês AkzoNobel tem um portfólio extenso de tintas e revestimentos que dá cor a toda sorte de produtos, em diversos segmentos da economia.

“Eu costumo brincar que não há muitas empresas com produtos em outro planeta”, diz Daniel Geiger Campos, presidente da AkzoNobel na América do Sul, em entrevista ao programa Conexão CEO (vídeo completo acima). “Estamos presentes em muitos dos produtos e edifícios que as pessoas veem durante o dia, mas não somos facilmente identificáveis. Nosso logo não aparece.”

Se boa parte das marcas da AkzoNobel atua nos “bastidores”, a operação sul-americana, comandada por Campos desde agosto de 2018, não passa despercebida no mapa do grupo europeu. A região responde por 9% do resultado da empresa que, em 2019, reportou uma receita de € 9,28 bilhões.

Com 1,7 mil funcionários, a subsidiária brasileira é o principal mercado da AkzoNobel na região. No País, a empresa mantém cinco fábricas, instaladas em Mauá, Santo André e São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e em São Roque (SP) e Recife (PE).

“Não paramos um dia nossas fábricas no País”, afirma Campos, ressaltando a manutenção dessa estrutura, com a adoção de uma série de protocolos e controles, desde o início da pandemia. “Muitos dos segmentos com os quais trabalhamos precisavam ser atendidos”, completa, em uma referência a setores como alimentos e bebidas, hospitais e lojas de material de construção.

A estratégia não evitou um recuo de 8% na receita da região no primeiro semestre. Já no terceiro trimestre, a operação retomou o crescimento, com um salto de 34%, impulsionado por movimentos como a busca dos consumidores por produtos para reformar e decorar suas casas.

“Estamos tendo, inclusive, dificuldade para atender a demanda”, diz Campos. Nesse contexto, a AkzoNobel contratou cerca de 100 funcionários temporários, entre outras medidas. “Com exceção da indústria aeronáutica, todos os outros segmentos estão em recuperação.”

Uma série de recursos e serviços que já compunham o portfólio também ajudou a empresa a atravessar a crise. O pacote envolve desde um aplicativo de realidade aumentada, pelo qual o consumidor consegue testar diferentes cores, em tempo real, em um ambiente até um marketplace lançado no início do ano e que ganhou a escala em meio a Covid-19, com mais de 70 sellers e 120 mil itens.

A empresa também reforçou a estratégia de trazer novas tecnologias aos seus produtos e os investimentos em projetos de sustentabilidade, que passam por questões como reúso de água nas fábricas e a substituição de materiais como esmalte e madeira.

A principal iniciativa no período, porém, envolveu a aproximação com startups. O País foi o primeiro no mapa da AkzoNobel a sediar o Paint the Future, desafio que buscou projetos em quatro áreas: ciclo de vida mais sustentável; novas funcionalidades; cadeia produtiva e logística; e experiência do cliente.

No processo, que contou com 135 inscrições, as startups trabalharam e interagiram nos últimos meses com 160 funcionários da companhia. Depois de selecionar 16 finalistas, a empresa apontou uma vencedora em cada categoria. A lista inclui as novatas Standout, Aterra, nChemi e Getter.

“Além de ter acesso a boas ideias e inovações, queríamos ser conhecidos pelas startups e, ao mesmo tempo, energizar nossa organização interna”, diz Campos. Segundo o executivo, a AkzoNobel está conversando com boa parte das startups participantes. A ideia é fechar parcerias que podem envolver desde codesenvolvimento, fornecimento e, eventualmente, investimento nessas companhias.

“Muitas dessas ideias podem ser escaladas globalmente e isso é algo que nós podemos oferecer”, afirma Campos, que ressalta os benefícios sob a ótica da AkzoNobel. “Nós realmente entendemos que não conseguimos criar tudo sozinhos e queremos manter esse espírito de inovação aberta.”

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