Criada há cerca de dois anos e meio e com cerca de R$ 2,5 bilhões sob aconselhamento, a Nord Wealth, braço de consultoria patrimonial da casa de análise Nord Research, está colocando em marcha um plano de expansão pelo País.

Para isso, ela está negociando parcerias com escritórios de agentes autônomos para disponibilizar seus serviços no segmento. O movimento busca elevar o montante sob aconselhamento a R$ 4 bilhões até o final deste ano.

“Queremos pegar escritórios localizados em regiões que tenham um público com bom poder aquisitivo, com um bom potencial para captação de clientes e que na maioria das vezes o cliente demanda uma presença mais física de especialistas”, diz Renato Breia, head do wealth management e sócio-fundador da Nord Research, ao NeoFeed.

A primeira parceria foi fechada em fevereiro com a Valoro Invest, empresa com sede em Campinas, interior de São Paulo, que conta com aproximadamente R$ 120 milhões sob assessoria.

Ao assinar com a Nord, o escritório se torna um parceiro exclusivo na parte de consultoria patrimonial, tendo acesso a produtos e serviços da casa, desde análises da área de research, comitê de investimentos e estratégias de alocação. A operação, a marca e os clientes seguem com os escritórios, que repassam parte da receita gerada para a Nord.

“Escritórios que estão fora de grandes centros ficam muito isolados em termos de informações sobre o que devem fazer em termos de alocação de seus clientes”, diz Breia. “O que entregamos são informações relevantes e serviços para ajudar na alocação de recursos dos clientes, com base no que fazemos na Nord.”

O plano de expansão da Nord prevê que o tíquete médio atendido pelo escritório associado seja de mais de R$ 1 milhão, embora ela considere a possibilidade de abarcar clientes com patrimônio a partir de R$ 300 mil.

O avanço da Nord Wealth vem num momento prolífico da indústria de gestão de patrimônio. Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o volume financeiro administrado somou R$ 385,4 bilhões em 2022, um aumento de 21,2% em relação ao ano anterior.

A expectativa da Nord é fechar o ano com mais três ou quatro parcerias. Segundo Breia, muitas conversas têm sido puxadas pela fama que a Nord ganhou como casa de análise ao longo dos últimos quatro anos, com produção de conteúdo para o investidor pessoa física.

Outro ponto que está ajudando, segundo Breia, é o fato de a Nord Wealth adotar o modelo de consultoria, com remuneração de modelo fee based, onde se cobra um percentual fixo da carteira do investidor, diferente das comissões e tradicionais rebates existentes na cadeia de investimentos. Os escritórios que fecharem acordo com a Nord deverão migrar automaticamente para esse modelo.

“Tem muitos escritórios e agentes que não querem mais trabalhar com comissionamento”, afirma. “E muitas das pessoas que procuram ser nossos clientes já perceberam que o fee based é um modelo mais transparente, alinhado com seus interesses.”

A Nord não está sozinha nessa mudança da remuneração. Em entrevista ao NeoFeed em março, Marcelo Maisonnave, sócio-fundador da Warren, disse que o modelo de comissionamento é “conflitado” e ineficiente na distribuição de produtos.

A expectativa é de que a nova resolução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que mexeu na atividade do agente autônomo, inclusive na parte da divulgação da remuneração, ajude na expansão e popularização do modelo fee based, com os clientes entendendo melhor por que determinado produto foi recomendado.

“O mercado vai mudar. Já mudou nos Estados Unidos, já é assim há muito tempo na Europa, em que o modelo de comissão praticamente não existe. E isso vai acontecer no Brasil, em mais ou menos tempo”, diz Breia.