A derrubada do decreto de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) está precificada no Congresso. Entre os parlamentares, há chance zero de o governo reverter o estrago causado pelo anúncio da medida na semana passada.
A saída prevista pelo governo é buscar um acordo mínimo para manter pelo menos parte do texto. Seria um recuo possível para não enfraquecer ainda mais o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que está sob fogo cruzado dos próprios aliados.
A favor de Haddad, na próxima semana, começa o Fórum Parlamentar do BRICs. Não haverá sessões no Congresso. A maioria dos deputados e senadores estará nos estados, o que dará tempo ao ministro costurar acordo para manter uma parte do decreto.
O recuo pode ocorrer antes, pois o governo monitora o tamanho dos efeitos do anúncio do IOF. Mas, como a pauta do Congresso deve esfriar na semana que vem, novas revogações seriam anunciadas no vácuo do trabalho parlamentar, sem ainda mais repercussão.
Até agora há 19 propostas na Câmara e uma no Senado para suspender o decreto do governo. A expectativa é que nesta quarta-feira, 28 de maio, o tema seja incluído na reunião de líderes, com chances de algum acordo ser apresentado no encontro.
Entre os governistas, o anúncio de Haddad sobre o aumento do IOF foi considerado um erro particular, pois os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, não tiveram tempo de opinar sobre as mudanças.
O mesmo ocorreu com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que poderia em última análise alertar Haddad para riscos de repercussão negativa no mercado. Mas nada disso ocorreu, deixando o ministro da Fazenda com a responsabilidade solitária pelo erro.
Disputa petista
Por fim, não houve uma combinação de eventual aumento de imposto com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-AL), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). A interpretação foi de mais uma tentativa de aumento de impostos por parte de Haddad.
Contribui para o encastelamento de Haddad, uma disputa entre petistas na Esplanada por um protagonismo eleitoral. Além do chefe da Fazenda e de Rui Costa, os ministros da Educação, Camilo Santana, e da Saúde, Alexandre Padilha, são nomes para suceder a Lula.
Houve pouca ou nenhuma solidariedade pública a Haddad. E nesta quarta-feira, 27 de maio, o ministro assistiu a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovar um requerimento de convite para que o ministro explique o aumento do IOF.