Quando tirou a operação da Oxygea do papel, no ano passado, a Braskem esperava que seu veículo de corporate venture capital (CVC) investisse em novos negócios de áreas como economia circular, neutralidade de carbono, energia renovável, entre outras iniciativas.

Dinheiro para isso não era problema. Seriam destinados US$ 100 milhões para um fundo de CVC e US$ 50 milhões para uma incubadora. O problema é que investir em negócios que contemplassem a tese de investimento da gestora no Brasil era complicado.

A maior parte das soluções que interessavam à Braskem estava fora do Brasil.  A Oxygea, então, entendeu que precisava reforçar, ou melhor, "oxigenar" os investimentos para identificar e se aproximar dos empreendedores de fora do Brasil. A saída foi buscar uma parceira internacional.

A escolhida foi a Touchdown Ventures, gestora americana que faz CVC para empresas como Kellogg’s, Tegna, Olympus, T-Mobile. “Não é fácil sentar na mesa com esses empreendedores e seria muita pretensão nossa achar que seria”, diz Artur Faria, CEO da Oxygea, ao NeoFeed. “É preciso ter alguém local e que já está no mercado há mais tempo.”

Desde maio deste ano, Oxygea e Touchdown Ventures estão envolvidas na análise de startups que poderão receber cheques entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões e que serão descontados do fundo de US$ 100 milhões criado pela Braskem. A ideia é focar em negócios que já estejam buscando aportes de séries A e B. Cerca de 15 investimentos deverão ser feitos e o restante será destinado para follow on.

Para escolher os negócios que receberão os cheques, a Oxygea criou um comitê de investimentos composto por seis executivos, no qual dois deles são da Touchdown Ventures, dois da Braskem e dois da própria gestora. Os trabalhos por lá já estão em andamento e a expectativa é de que um ou dois aportes sejam feitos até o fim do ano.

Em troca do auxílio no trabalho de scout, negociação e diligência, a gestora americana vai cobrar uma taxa de administração e um carry (que é semelhante a uma taxa de performance). Os termos do acordo são mantidos em sigilo.

De acordo com Faria, a entrada da Touchdown Ventures não alterou a tese de investimento da Oxygea, mas foi preciso realizar um alinhamento de acordo com as condições do mercado. “Afinamos a tese de acordo com o que avaliamos sobre o melhor momento para investir em cada setor", diz.

A tendência é de que até 90% do dinheiro do fundo de US$ 100 milhões seja seja destinado para startups que estão no exterior, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. “Queria investir o máximo possível no Brasil, mas é difícil por conta da tese que temos”, diz Faria.

Ainda assim, o comitê vai analisar a possibilidade de entrada em negócios locais. “A aquisição de participações em empresas brasileiras não está atualmente em nosso roteiro, mas nunca se sabe”, diz Scott Lenet, CEO e cofundador da Touchdown Ventures.

O Brasil está mais no radar da Oxygea em seu segundo bolso, o de US$ 50 milhões, cujos recursos são destinados para o programa de aceleração, que visa a investir em startups em estágios mais iniciais.

No começo deste mês, o Oxygea Labs selecionou seis startups para o programa de aceleração. As escolhidas foram GrowPack e BioReset, de biotecnologia; Embeddo, LogShare e Cognitive, de smart factory e mobilidade; e IQX, voltada para a área de economia circular.

Essas empresas vão passar por um processo de mentoria, no qual poderão receber R$ 1,5 milhão se a Oxygea decidir seguir em frente com o investimento. A previsão é de que o programa, em sua primeira edição, tenha um custo de R$ 9 milhões para a Oxygea.

Até agora,, a Oxygea fez apenas um aporte. No começo deste mês, investiu US$ 2 milhões na operação da Xtellar, startup que foi lançada nos Estados Unidos pela própria gestora e que atua com a criação de materiais renováveis para serem usados em processos de impressão 3D.