Em menos de 30 dias, Danilo Ribeiro, CEO da Paramis Capital, e Samyr Castro, CEO da InvestSmart, visitaram 40 escritórios ligados ao agente autônomo da XP. O objetivo era apresentar o primeiro produto criado por eles após a associação entre as marcas em janeiro deste ano.

O Paramis Hedge Fund Fundo de Investimento Imobiliário (FII) buscava R$ 100 milhões, com tíquete mínimo de R$ 1 mil. Dias antes do encerramento da oferta, em 7 de novembro, a gestora já tinha alcançado a meta com o lote adicional, o que totalizou uma captação de R$ 125 milhões.

No encerramento da oferta, o número de investidores chegou a 6.566, sendo 6.135 pessoas físicas. O tíquete médio foi de pouco mais de R$ 19 mil por investidor.

“Nossa aposta nesse fundo era ter um passivo mais pulverizado”, diz Ribeiro, em entrevista ao NeoFeed. Ele complementa: “Tiramos o pé do road show com a meta batida, mas tínhamos condições de chegar a R$ 170 milhões ou R$ 180 milhões”.

É interessante notar que esse FII é o primeiro IPO de um fundo listado em bolsa a ter demanda tanto para a cota principal como para a adicional desde 6 de agosto do ano passado. Naquela ocasião, o Kinea Creditas Fundo de Investimento Imobiliário concluiu a captação de R$ 300 milhões (principal) mais R$ 60 milhões (adicional).

Outro dado que faz o lançamento do FII da Paramis e da InvestSmart diferenciado é o número de investidores. Nos últimos dois anos, nenhuma oferta tinha conseguido atingir tamanha diversificação. Em 30 de dezembro de 2021, a RB Capital, com o FII Caixa Agências alcançou 12.874 cotistas para uma captação total de R$ 216,8 milhões.

“O track record e o know how da Paramis em crédito estruturado geraram a confiança no investidor. Soma-se a isso a força de captação da InvestSmart”, diz ao NeoFeed Castro, que comanda um agente autônomo com R$ 19 bilhões sob custódia e 80 escritórios pelo País.

Samyr Castro (InvestSmart) Danilo Ribeiro (Paramis)
Samyr Castro, CEO da InvestSmart, e Danilo Ribeiro, CEO da Paramis Capital

Embora o FII da Paramis seja um hedge fund, com possibilidade de investir tanto em papel com em tijolo, neste primeiro momento os gestores vão preferir alocar quase 100% dos recursos em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).

“O fechamento da curva de juros é um momento de boa oportunidade para títulos high grade, de baixo risco”, afirma Ribeiro.

Ele afirma que a ideia é adquirir tanto títulos no mercado primário como no secundário. Neste momento, muitos títulos estavam condicionados ao sucesso da captação de outras gestoras, que não conseguiram completar a oferta.

Com esse “excesso”, a Paramis pode ter uma capacidade melhor de negociação. O objetivo é entregar um dividend yield de 12% líquidos para o investidor.

“A taxa de juros deve cair para 11,75% já na próxima reunião do Copom, o que começa a ser interessantíssimo. E a tendência é uma Selic de um dígito no próximo ano”, afirma Castro.

Com o sucesso dessa captação, a Paramis já projeta um follow on desse FII na primeira janela do próximo ano. Enquanto isso, estuda o potencial de lançar outras famílias de fundos.

Com R$ 4 bilhões em operações estruturadas, a gestora carioca foi criada em agosto de 2010 e se especializou na criação de produtos estruturados para segmentos como agronegócio, energia, imobiliário e infraestrutura.

A Paramis, por exemplo, foi a responsável pela criação de dois CRIs para o complexo Matarazzo, em São Paulo. Um de R$ 71 milhões para a aquisição de unidades do Residencial Rosewood e outro de R$ 342 milhões para o financiamento das obras do campus Matarazzo.

Mesmo com esse histórico de estruturações, Ribeiro explica que não é possível alocar tudo o que for feito pela casa no FII.

“Temos uma regra de governança, até por conta do conflito de interesse, do limite que pode ser colocado no fundo pelas originações próprias”, diz ele.