Cotadas a US$ 841,76, as ações da Eli Lilly registravam alta de 14,54% por volta das 10h21 (horário local) desta quinta-feira, 17 de abril, na Bolsa de Nova York, após a farmacêutica americana oferecer uma boa injeção de ânimo aos investidores. Ou melhor, uma pílula.
De olho em um mercado que projeta movimentar US$ 150 bilhões até 2030, a dose de otimismo veio com o anúncio de que a Orforglipron, pílula experimental da empresa para diabetes e perda de peso, alcançou resultados similares aos de medicamentos disponíveis no mercado em sua fase três de testes.
Um medicamento oral para o tratamento contra a obesidade é visto como uma alternativa mais conveniente quando comparada às opções de injeções à venda atualmente nesse mercado. Entre elas, o Ozempic, da Novo Nordisk, que foi o principal nome a turbinar esse segmento nos últimos anos.
“Como uma pílula prática, de uso diário, a Orforglipron pode oferecer uma nova opção e, se aprovada, pode ser facilmente fabricada e lançado em larga escala para uso por pessoas em todo o mundo”, afirmou, em nota, David A. Ricks, CEO da Eli Lilly.
A empresa informou que há sete estudos em estágio avançado envolvendo a pílula, sendo cinco ensaios clínicos para o tratamento da diabetes e dois para a obesidade. E observou que espera solicitar a aprovação regulatória para a pílula para a perda de peso até o fim deste ano. E, para a diabetes, em 2026.
Entre outros números obtidos nos testes, a pílula levou os pacientes a uma perda de peso de quase 8% em sua dosagem mais alta. No detalhe, após 40 semanas, o medicamento trouxe uma redução de 4,7% com 3 miligramas diárias; de 6,1%, com 12 miligramas; e de 7,9% com 36 miligramas.
Para se ter uma base de comparação, no Ozempic, os pacientes submetidos às doses mais elevadas perdem cerca de 6% do peso corporal, segundo a agência Bloomberg. Já a redução dos níveis de açúcar no sangue da injeção da Novo Nordisk fica em 2,1%, contra 1,3% da pílula da Eli Lilly.
Nesse último ponto, porém, os patamares alcançados pela Eli Lilly ficaram abaixo das expectativas de alguns analistas de Wall Street, que projetavam uma faixa de redução dos níveis de sangue entre 1,8% e 2,1%.
Em contrapartida, a farmacêutica americana também ressaltou que os pacientes não registraram sinais de estagnação na perda de peso ao fim dos testes realizados, o que pode sugerir um potencial de perda de peso ainda maior após 40 semanas.
Os resultados dessa etapa inicial dos testes da fase três vinham sendo bastante aguardados pelo mercado. Especialmente após a Pfizer interromper os estudos para o desenvolvimento de sua pílula contra a obesidade e dos resultados recentes aquém das expectativas da Novo Nordisk.
Para John Murphy, da Bloomberg Intelligence, os dados obtidos até o momento se mostram competitivos do ponto de vista da eficácia e ficaram próximos do limite superior das expectativas, o que pode indicar um status potencial de “blockbuster” para o medicamento.