Até alguns anos atrás era comum ouvir no mercado que determinados nomes da indústria eram intocáveis. Isso significava que, mesmo em momentos de crise de seus negócios e sofrendo pressão de diferentes lados, esses executivos permaneceram ocupando posições de liderança de suas empresas graças a um histórico positivo.
Os episódios mais recentes envolvendo a volta de Bob Iger, na Disney, e a pressão em cima de Marc Benioff, da Salesforce, contudo, mostram que a resiliência desses executivos já não é mais a mesma – principalmente quando o mercado de ações enfrenta um momento de baixa e cada vez mais os investidores assumem um papel de ativismo nos negócios.
Conforme reportado pelo Business Insider, Nelson Peltz, do Trian Fund, e Paul Singer, da Elliott Management, lançaram campanhas recentes lideradas por investidores ativistas contra a Disney e a Salesforce. Já Christopher Hohn, da TCI Fund Management, mirou protestos contra a Alphabet, a empresa-mãe do Google.
O que motiva os ativistas a realizarem este movimento até então incomum no mercado vem sendo o desempenho das companhias. Nos últimos 12 meses, a Disney apresentou queda superior a 23% no valor de suas ações, o que fez a empresa diminuir seu valor de mercado para US$ 192 bilhões.
As quedas na Salesforce e na Alphabet são ainda maiores. A primeira perdeu 30% de valor de mercado nos últimos 12 meses e agora está avaliada em US$ 156 bilhões. Já a segunda viu seu valuation cair 24% no período para menos de US$ 1,3 trilhão. Isso resulta em uma queda de mais de US$ 400 milhões.
O desempenho ruim na bolsa de valores tem feito com que grupos de ativistas pressionem as companhias na tentativa de obter assentos nos boards da companhia – o que permitiria, por exemplo, participar de votações que envolvem a troca no comando da empresa.
Para as empresas (e os executivos que estão no controle das operações), a notícia ruim é que o mercado parece aprovar esses movimentos. Tanto na Salesforce como na Disney, as ações das duas empresas subiram após as primeiras ações dos ativistas terem sido reportadas.
Mas não se trata apenas de uma substituição em quem vai se sentar na cadeira de CEO. Entre as reivindicações dos grupos de investidores estão políticas mais transparentes e efetivas para o controle de gastos e corte de custos.
Vale lembrar que Hohn, da TCI, escreveu uma carta aberta à Microsoft dizendo que a demissão de 12 mil funcionários “era um passo na decisão certa, mas não longe o suficiente”.
Na Salesforce, por outro lado, a pressão dos investidores foi motivada pela alta remuneração dos executivos e de aquisições superfaturadas. Durante a pandemia, a companhia comprou a operação da Slack por US$ 28 bilhões numa tentativa de competir contra serviços como o Teams, da Microsoft.
Um estudo realizado pela consultoria Lazard, com sede em Bermudas, aponta um aumento de 39% nas campanhas ativistas no ano passado. Resta saber quais delas realmente terão resultados.