*Reportagem atualizada às 19h21

A CVC Corp, maior empresa de turismo da América Latina, está nesse exato momento sem um CEO, um CFO e um diretor de Relações com Investidores. Há exatamente um mês, Marcelo Kopel, renunciou ao cargo de CFO. Hoje é a vez de Leonel Andrade, CEO da companhia, fazer o mesmo.

Andrade vinha acumulando os cargos de CEO, CFO e RI. Agora, a empresa está sem comando. A companhia deve soltar fato relevante em breve e, no mercado, a explicação para a saída são motivos pessoais. Procurado, Andrade não retornou aos pedidos de entrevista do NeoFeed.

O fato é que, desde 2020, quando assumiu o comando da empresa, o executivo teve de lidar com uma turbulência atrás da outra. Ao ser convidado para o cargo, a companhia sofria com uma crise de imagem causada por distorções contábeis.

Na semana seguinte em que assumiu o comando, veio a pandemia fechando a maioria da população dentro de casa e interrompendo o turismo. Nesse cenário, o management foi trocado, o conselho de administração renovado e a companhia ainda foi vítima de um ataque cibernético.

No meio do caminho, a CVC fez três aumentos de capital privados e um follow on, que totalizaram cerca de R$ 1,5 bilhão, para reduzir a dívida que chegou a R$ 2 bilhões. Além disso, mais duas renegociações – uma em 2020, quando a pandemia estourou, e outra recentemente.

A mais recente aconteceu, em março, quando a companhia conseguiu renegociar e alongar a dívida de quase R$ 700 milhões que vencia no curto prazo em meio à crise gerada pelo caso Americanas. Uma das condições, entretanto, é fazer um novo follow on para pagar os debenturistas até novembro. Caso isso não seja feito, eles convertem a dívida em ações.

A saída do executivo vem em um momento em que o turismo voltou com força. Em janeiro, a CVC divulgou que as reservas de viagem tinham alcançado R$ 1,35 bilhão, 90% a mais do que no mesmo período do ano passado.

Nesta terça-feira, 24, a ação da CVC Corp fechou o pregão com queda de 7,6%, avaliada em R$ 842,8 milhões. Nos últimos 12 meses a ação cai 75,1% e, desde o início do ano, está em baixa de 37,4%.

*Depois da publicação da reportagem, a CVC protocolou fato relevante na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informando que já deu início ao processo de sucessão e que, até lá, a companhia será liderada pelo conselheiro Sandoval Martins.