Há vida depois da morte? No mundo dos negócios, sim. Empresas que faliram e deixaram marcas fortes estão tentando uma segunda chance no mercado. São os casos da americana Toys 'R' Us e da brasileira Mappin.

Em junho do ano passado, a mais famosa loja de brinquedos americana, a Toys 'R' Us, fechou a sua última unidade nos Estados Unidos. Afundada em dívidas de mais de US$ 5 bilhões, a empresa sucumbiu ao não se adaptar aos novos tempos e não conseguir enfrentar a concorrência online, em especial da Amazon, a gigante do comércio eletrônico, liderada por Jeff Bezos.

Um ano depois desse fim melancólico, a Toys 'R' Us está se preparando para retornar. A companhia planeja abrir novas lojas e um site de comércio eletrônico a tempo de pegar a temporada de fim de ano nos Estados Unidos, segundo uma reportagem da Bloomberg.

A empreitada está sendo comandada por Richard Barry, um ex-executivo da Toys 'R' Us, que agora está à frente da Tru Kids Inc., a companhia que ficou com a maioria das ativos da empresa falida.

As novas lojas terão pouco mais de 900 metros quadrados, aproximadamente um terço do tamanho dos espaços anteriores. A ideia é trabalhar num modelo de venda consignada, no qual os fabricantes de brinquedos só receberão depois que os consumidores pagarem pelos brinquedos, de acordo com fontes citadas pela Bloomberg.

Assim como nos Estados Unidos, marcas consagradas do passado tentam também um retorno no Brasil. É o caso do Mappin, que já foi um ícone do varejo brasileiro. A empresa está de volta agora sob o controle dos donos da Marabraz, que compraram os direitos da marca em 2009.

A estratégia não é tão ousada quanto a Toys 'R' Us, que terá pontos físicos. Para reviver os velhos tempos, o Mappin está apostando em um site de comércio eletrônico com 15 mil itens.

O retorno de Toys 'R' Us e Mappin é uma surpresa. Nos Estados Unidos e no Brasil, uma série de redes varejistas tradicionais estão fechando lojas ou deixando o mercado, à medida que as vendas migram cada vez mais para a internet.

A ascensão de operações online como as de Amazon, e-Bay e Target reduziu o fluxo de  clientes às lojas físicas. O resultado tem sido um débâcle de proporções épicas para o varejo americano, em especial para aquelas empresas que não se prepararam para enfrentar esse novo mundo digital.

De acordo com um relatório da empresa de pesquisas Coresight Research, mais de 6,3 mil lojas devem fechar neste ano nos Estados Unidos. Em 2018, a Coresight contabilizou 5.528 fechamentos. Em 2017, foram 8.139 lojas fechadas, um recorde de operações encerradas.

De acordo com relatório da Coresight Research, mais de 6,3 mil lojas devem fechar neste ano nos Estados Unidos

Um exemplo é Abercrombie & Fitch, que fechou centenas de lojas nos últimos anos. Para 2019, a rede perderá 40 unidades.

Mas ela não é um caso isolado. Nomes tradicionais como American Apparel, Gap, Guess, J.C. Penney, Macy’s, Michael Kors, Victoria’s Secret e Diesel também estão entre as marcas que estão fechando as portas de suas lojas.

A American Apparel, por exemplo, encerrou todos os seus 110 pontos físicos nos EUA após declarar falência. A marca foi adquirida pela Gildan Activewear, que comprou sua propriedade intelectual em um acordo de US$ 88 milhões

A Victoria’s Secret anunciou no fim de fevereiro que encerraria 53 lojas em meio a vendas fracas. Em 2018, ela já havia fechado 30 estabelecimentos. A Sears entrou com pedido de concordata em outubro de 2018 e disse que fecharia 140 das suas 700 lojas restantes.

A Forever 21, que chegou ao Brasil causando uma grande barulho em 2014, contratou uma consultoria para fazer uma reestruturação em suas operações e tirá-la da rota da falência.

Esse cenário apocalíptico não é exclusivo dos Estados Unidos. No Brasil, as redes varejistas que não se adaptaram ao mundo de vendas online estão também enfrentando problemas.

A Livraria Cultura e a Saraiva, as duas mais tradicionais livrarias do mercado brasileiro, pediram concordata e estão reduzindo o tamanho de suas operações para se adaptar aos novos tempos.

A Livraria Cultura e a Saraiva, as duas mais tradicionais livrarias do mercado brasileiro, pediram concordata e estão reduzindo o tamanho de suas operações

A Amazon, que demorou a investir no mercado brasileiro, está intensificando sua operação por aqui. Em janeiro deste ano, a companhia de Jeff Bezos estreou a venda direta em 12 categorias no País, incluindo artigos eletroeletrônicos. Antes, era possível comprar apenas através de parceiros de seu marketplace.

O Magazine Luiza, que é considerado um dos varejistas mais bem preparados para enfrentar a concorrência digital, acaba de adquirir a Netshoes, loja online de artigos esportivos, por US$ 115 milhões.

A Via Varejo, cujo controle voltou para as mãos de Michael Klein, deve investir pesado na estratégia online, como forma de recuperar o terreno perdido para o Magazine Luiza e para a Amazon.

As marcas antigas que tentam voltar ao mercado apelam para a nostalgia para reconquistar o consumidor. Resta saber se apenas isso será suficiente neste novo mundo digital.

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