O avanço das big techs no setor financeiro não é exatamente uma surpresa. As companhias de tecnologia, há tempos, vêm tentando conquistar uma fatia desse espaço dominado por bancos tradicionais.

A Amazon deu mais um passo nessa direção nesta semana. A companhia fundada por Jeff Bezos anunciou uma linha de crédito para pequenos empreendedores de sua plataforma de marketplace em parceria com o Goldman Sachs.

Esses novos empréstimos serão fornecidos pelo sistema da Marcus, marca estabelecida pelo Goldman Sachs em 2016 para atender microempreendedores.

As linhas de crédito que poderão ser superiores a US$ 1 milhão terão uma taxa de juros anual fixa entre 6,99% e 20,99% e funcionarão quase como um cartão de crédito, podendo ser usadas para saques e reembolsos.

A Amazon mantém há quase 10 anos um programa de empréstimos para pequenos vendedores, mas com juros anuais de 14,99% ao ano para solicitações de até US$ 500 mil. Por meio dele, a Amazon emprestou mais de US$ 1 bilhão para 14 mil vendedores americanos em 2019.

O flerte entre as empresas de tecnologia e as instituições financeiras acontece há anos. E eles vêm se estreitando. A Apple, liderada por Tim Cook, lançou o Apple Card em agosto de 2019, que tem a Mastercard e o Goldman Sachs como parceiro.

O Facebook, de Mark Zuckerberg, foca em sua plataforma de pagamento Facebook Pay e em sua moeda virtual, Libra. O Google não fica atrás e mantém vivo seu plano de oferecer, em breve, uma opção de conta corrente em parceria com o Citigroup.

Essas parcerias com instituições financeiras tradicionais tem sido até agora o “approach” da maioria das empresas de tecnologia, por conta da alta regulação do setor bancário.

Dessa maneira, as big tech conseguem oferecer serviços financeiros aos seus clientes, sem ficarem presas as dores de cabeça regulatórias.

Foi assim que a Amazon expandiu sua atuação no mercado financeiro, que começou em 2007, com o lançamento do Pay with Amazon. Essa plataforma de pagamento, mais tarde, foi incorporada pela Amazon Pay, ferramenta que pode ser usada como uma carteira virtual e como um sistema de pagamento para lojas físicas e online.

Em 2017, a gigante de Bezos apresentou a Amazon Cash, uma solução que funciona como uma ponte entre o mundo físico e o digital. Para quem não quer fazer compras com cartão de débito ou crédito, a companhia estabeleceu uma rede que permite que seus usuários depositem, em dinheiro, o saldo desejado em sua conta Amazon. Com esse balanço é possível fazer compras online ou em lojas físicas – basta escanear o código de barras da "conta". O Amazon Cash não cobra nenhuma taxa para depósito ou manutenção do balanço.

Avaliada em US$ 1,3 trilhão, a Amazon faturou US$ 280,5 bilhões em 2019 e lucrou US$ 11,5 bilhões no mesmo período. Durante a pandemia do novo coronavírus, a Amazon foi uma das poucas companhias que conseguiu crescer. Suas ações, desde março, avançaram 56,7%.

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