“Homem-Aranha: Sem Volta para Casa”, uma coprodução da Disney com a Sony, se tornou o primeiro filme desde que o coronavírus fechou as salas de cinema a atingir a marca de US$ 1 bilhão em bilheteria no mundo. A cifra bilionária tinha sido alcançada, pela última vez, por “Star Wars: a Ascensão Skywalker”, em 2019, segundo dados da comScore.

Por outro lado, o filme “Amor, Sublime Amor”, do aclamado diretor americano Steven Spielberg, um musical vagamente baseado em Romeu e Julieta, de Shakespeare, é um enorme fracasso.

Afinal, qual o futuro do cinema? Bob Iger, o homem que transformou a Disney e está há 17 anos comandando o império de Mickey Mouse, tem crenças "muito, muito firmes" sobre esse assunto.

Para ele, as notícias sobre a morte do cinema são prematuras. O que não significa que menos pessoas devam assistir a filmes numa sala fechada e numa tela grande.

“Essa é uma (briga) do real versus digital. Não estou sugerindo que o digital não crescerá”, disse Iger, em entrevista a David Faber, da CNBC, antes de deixar o cargo de chairman da Disney, em 31 de dezembro – ele será sucedido por Susan Arnold.

E acrescenta: “As pessoas gostam de sair. Isso não vai acabar. Elas adoram experimentar coisas no formato físico.”

A questão que se coloca, na visão de Iger, é o tamanho do mercado do cinema. E, nesse caso, o formato deve perder espaço para os serviços de streaming, como Netflix, Disney+, Amazon Prime Video, Apple TV+, HBO Max e tantos outros. “Há muito mais conteúdo para assistir em casa”, afirmou Iger.

"Homem-Aranha: Sem Volta para Casa" superou a bilheteria de US$ 1 bilhão

Uma vantagem para os serviços de streaming, na visão de Iger, é o seu custo. Por um preço baixo, há muito conteúdo de qualidade. “Quando você compara o custo de ir ao cinema com o custo de ficar em casa e assistir a um serviço de assinatura, acho que está começando a ficar muito alto”, afirmou o chefão da Disney.

O executivo, no entanto, não recomendaria abandonar os lançamentos nos cinemas. Em especial, em estratégias globais. “Há algum valor nisso”, disse. “ E concluiu: “Migrar completamente para longe da experiência da tela grande não seria algo que eu necessariamente aconselharia. Mas você sabe, essa não será minha decisão.”

Iger comandou a Disney em um período difícil. Em 2005, quando assumiu a cadeira de CEO, a gigante do mundo de entretenimento vivia um período conturbado.

Nos anos seguintes, o executivo americano orquestrou e conduziu uma verdadeira saga de aquisições que reconduziram o protagonismo da empresa. Essa história começou a ser escrita com a compra da Pixar, em 2006, por US$ 7,4 bilhões.

E teve sequência com as aquisições da Marvel, em 2009, por US$ 4 bilhões; da Lucasfilm, em 2012, por US$ 4,05 bilhões; e, em 2017, da 21st Century Fox, por US$ 71,3 bilhões.

Em fevereiro de 2020, Iger deixou o cargo de CEO e passou a ocupar a posição de chairman, respondendo pela área criativa do grupo.

Seu último legado para a Disney foi o serviço de streaming Disney+, lançado nos Estados Unidos no fim de 2019 e em novembro de 2020 no Brasil.

O Disney+ contava com 118 milhões de assinantes, em outubro deste ano. A Disney, por sua vez, vale US$ 277,7 bilhões, quase o mesmo da Netflix, avaliada em US$ 271 bilhões.