O investidor André Maciel trabalhou por 17 anos no J.P. Morgan. Quando deixou o banco americano, ele resolveu criar o seu próprio fundo de venture capital, o 30 Knots Capital, ao lado de Paulo Passoni, outro executivo com longa experiência no mercado financeiro, com passagem pela Third Point.

Mas aventura da dupla durou pouco. Enquanto captavam recursos para o 30 Knots Capital, em 2019, Maciel e Passoni foram chamados para uma reunião com Marcelo Claure, um dos principais executivos do Softbank.

Ambos acreditam que iam sair do encontro com um polpudo investimento do fundo japonês no 30 Knots Capital. Mas, surpreendentemente, foram convidados por Claure para tocar o fundo de US$ 5 bilhões para investir em startups na América Latina que o Softbank estava criando para a região.

Quase dois anos depois, Maciel deixou o Softbank e retomou o seu plano inicial. Ele está por trás da Volpe Capital, um fundo de venture capital para investir em startups em estágio inicial, que chega ao mercado com investidores de peso. O nome do Sotfbank já era conhecido de todos.

Agora, a Volpe Capital acaba de concluir as negociações com o seu segundo investidor-âncora do fundo. É o banco de investimento BTG Pactual. “Estamos comprometendo um aporte significativo”, afirmou Renato Mazzola, sócio do BTG Pactual e head da área de private equity e infraestrutura do banco, com exclusividade ao NeoFeed. “O Maciel tem um bom histórico de investimento no Softbank.”

BTG Pactual e André Maciel se conhecem da época do Softbank, quando chegaram a olhar alguns investimentos em conjunto. Desse relacionamento, nasceu a vontade de investir na nova casa de venture capital fundada pelo ex-Softbank.

Com o BTG Pactual, a Volpe Capital conclui o “first close” do fundo com US$ 50 milhões – o alvo é chegar até US$ 100 milhões em 2021, quando abrirá uma janela curta para uma nova captação. “Já estamos com dois investimentos engatilhados”, disse Maciel ao NeoFeed, sem revelar os nomes.

Além de BTG Pactual e Softbank, Maciel está também aportando recursos próprios ao fundo, assim como Marcelo Claure, Paulo Passoni e Shu Nyata, seus colegas do Softbank.

Na época em que atuou no Softbank, Maciel esteve à frente de uma equipe que fez 24 investimentos na América Latina, ajudando a criar diversos unicórnios na região, como são chamadas as empresas que valem mais de US$ 1 bilhão. Entre eles, Gympass, Loggi, Rappi, QuintoAndar e Loft.

Ele também, ao lado de Passoni, assinou cheques que chegavam a milhões de dólares, como foi o caso da Creditas e do QuintoAndar, que receberam US$ 231 milhões e US$ 250 milhões respectivamente, de aportes liderados pelo Softbank.

Com a Volpe Capital, os cheques vão ser bem menores e vão ficar entre US$ 3 milhões e US$ 5 milhões. O plano é investir em um portfólio de até 20 empresas na América Latina, em especial no Brasil, onde estão as melhores oportunidades. A ideia é entrar nas startups em rodadas série A, fazendo depois follow ons.

Apesar de dizer que será um fundo generalista, para não perder oportunidades para atrair os próximos unicórnios, como são chamadas as empresas que valem mais de US$ 1 bilhão, Maciel diz que três setores devem ganhar atenção: educação, saúde e software.

Os dois primeiros, de acordo com Maciel, são alvos da Volpe Capital porque as startups nessa área ainda estão pelo menos dois anos atrasadas em relação a seus pares internacionais. Por esse motivo, ainda são peixes pequenos para fundos como Softbank, Riverwood Capital e até mesmo o Advent, que vai investir em empresas tech e startups com seu sétimo fundo.

A área de software tem outra razão. “As margens são muito altas”, afirma Maciel. “Uma vez desenvolvido o produto, é margem pura.”

Na Volpe Capital, Maciel terá ainda uma equipe com mais dois “managing partners”, cujos nomes não são revelados, pois estão em negociação. Eles vão ajudá-lo na jornada de investimentos e farão parte do comitê que decidirá os aportes. A ideia é ter também uma equipe de analistas.

Ao entrar no mercado de early stage, Maciel passa a concorrer com fundos com grande tradição nessa área no Brasil, como Kaszek Ventures, Monashees, Redpoint eventures e Valor Capital.

Mas, de certa forma, Maciel teve uma visão privilegiada desses fundos, pois o Softbank era o LP (limited partner) da maioria deles. E, como sabe quem atua nesse mercado, todos eles competem e cooperam ao mesmo tempo, participando de rodadas em conjunto.

Maciel participou do Café com Investidor, programa que entrevista os principais gestores de venture capital e private equity do Brasil, do NeoFeed. No vídeo abaixo, ele dá mais informações dos planos da Volpe Capital. Assista:

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