Em meio ao receio a respeito dos resultados do setor bancário no terceiro trimestre, o BTG Pactual não decepcionou e fechou mais um período com resultados recordes. Pela terceira vez consecutiva, a instituição registrou suas melhores marcas trimestrais de lucro líquido ajustado e receita.

Para Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual, o segredo para desempenhos positivos consecutivos, em meio a um cenário de juros altos e incertezas sobre a política econômica a partir de 2023, está no trabalho feito nos últimos anos, de diversificar a oferta de produtos e serviços, o que proporciona estabilidade e torna o banco resistente a qualquer cenário. 

“No fim do ano passado, a gente posicionou o BTG Pactual como uma all weather stock”, disse o executivo, durante teleconferência com analistas e investidores realizada nesta terça-feira, 8 de novembro. “Temos velocidade de monetizar a alavancagem operacional da nossa plataforma com a velocidade da taxa de juros.”

Além da presença em diferentes segmentos, Sallouti destacou que os resultados de cada divisão estão cada vez mais recorrentes. Isso tem feito com que o banco deixe de ser uma instituição cujos resultados dependem integralmente da atividade do mercado de capitais. 

Nesse sentido, um dos destaques foi o segmento de corporate & SME Lending, área de crédito para pequenas e médias empresas. O braço teve recorde de receita pelo quarto trimestre consecutivo, de R$ 937 milhões, alta de 46% sobre igual período do ano passado.

Outro ponto destacado foi o chamado unsecured funding, que considera a base de financiamento com depósitos, seja à vista ou a prazo, além de emissão de dívida. O montante cresceu 17%, em base anual, para R$ 24 bilhões. 

A participação do funding das atividades de varejo seguiu crescendo, em meio aos esforços do BTG Pactual de expandir suas atividades para a área. A parcela passou a corresponder a 26% da base total, com esse montante alcançando 30% quando se considera a base do Banco Pan. 

“Para a gente, esse é um processo transformacional, uma vez que o funding de varejo é mais barato, estável e diversificado, e nos permite continuar expandindo nosso portfólio de crédito de maneira conservadora”, afirmou Renato Cohn, diretor financeiro e de relações com investidores.  

A diversificação permite ao banco encarar o futuro com mais tranquilidade, diante da falta de clareza sobre qual será a política econômica. Na teleconferência, Sallouti destacou que ainda não está certo qual rumo o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva tomará em termos de controle da dívida pública e reformas. 

Isso também gera dúvidas sobre qual será o papel dos bancos públicos no mercado de crédito, dado que, nas gestões petistas, essas instituições foram estimuladas a oferecerem créditos subsidiados, fechando portas para o setor privado. 

Porém, para Sallouti, a mudança de cenário vista nos últimos seis anos, em que os bancos públicos reduziram suas concessões e as instituições privadas ocuparam o espaço vago, não deve ser revertida. 

“A gente sempre acredita que a racionalidade prevalece, que isso vai ser entendido”, disse “Talvez tenha alguma mudança na agenda dos bancos públicos, mas nada que vá acabar com o crescimento observado nos últimos anos no mercado de capitais.”

No terceiro trimestre, o BTG Pactual reportou lucro líquido ajustado de R$ 2,3 bilhões, 28% acima do mesmo período do ano anterior. As receitas totais do banco somaram R$ 4,8 bilhões, aumento de 24% na comparação anual. 

O retorno ajustado sobre o patrimônio (Roae) foi de 22,0%, e o índice de Basileia fechou o trimestre em 15,2%.

Por volta das 13h48, as units do BTG Pactual recuavam 1,04%, a R$ 28,53. No ano, elas acumulam alta de 35,8%, levando o valor de mercado do banco para R$ 96,6 bilhões.