Mais de dois anos depois de seu avanço global, a Covid-19 segue impactando durante os indicadores de algumas empresas. Na China, em meio ao recrudescimento dos casos e a volta dos lockdowns, o Alibaba foi uma das companhias que sofreram com a nova escalada do vírus.

Ao divulgar nesta quinta-feira, 26 de maio, os resultados do seu quarto trimestre e do seu ano fiscal, encerrados em 31 de março, a gigante chinesa de e-commerce registrou o crescimento mais lento desde que abriu capital, em 2014, quando levantou US$ 25 bilhões, na época, o maior IPO da história.

Entre janeiro e março, a receita do grupo foi de 204 bilhões de yuans (US$ 32,1 bilhões), o que representou uma alta de 9% sobre o mesmo intervalo, há um ano. O prejuízo foi de 16,2 bilhões de yuans (US$ 2,5 bilhões), contra 5,4 bilhões de yuans, na mesma base de comparação.

No ano fiscal consolidado, o Alibaba reportou um lucro líquido de 61,9 bilhões de yuans (US$ 9,7 bilhões), o que representou uma queda de 59%. Já a receita cresceu 19%, para 853 bilhões de yuans (US$ 134,5 bilhões).

A companhia atribuiu boa parte das baixas em seus indicadores à Covid-19, termo que é citado 26 vezes no relatório de resultados. Na apresentação do balanço, a pandemia também foi a justificativa usada pelo Alibaba para não divulgar suas projeções para o ano fiscal.

“Desde meados de março de 2022, nossos negócios domésticos foram significativamente afetados pelo ressurgimento da Covid-19 na China, especialmente em Xangai. Considerando os riscos e incertezas decorrentes do vírus, acreditamos ser prudente neste momento não divulgar nosso guidance financeiro como fazemos normalmente”, escreveu a empresa no relatório.

No documento Daniel Zhang, CEO do Alibaba, destacou o fato de a empresa ter alcançado sua meta de superar a marca de 1 bilhão de consumidores ativos anuais na China no último trimestre. Mas ressaltou que a Covid-19 impactou as cadeias de suprimentos e a confiança do consumidor no país, especialmente a partir do mês de março.

Como parte desse cenário, em abril, as vendas do varejo no país registraram uma queda de 11% na comparação com igual período, um ano antes. Esse foi o segundo recuo mensal consecutivo reportado nesse segmento e o maior desde março de 2020.

A volta das quarentenas e a desaceleração da economia local não foram, no entanto, os únicos motivos por trás desse desempenho no período. O Alibaba também atribuiu o prejuízo no trimestre e o recuo no lucro anual à queda nos valutions de empresas listadas nas quais o grupo detém uma participação.

A ofensiva regulatória do governo chinês contra as grandes empresas locais de tecnologia, e que tem o Alibaba como um de seus principais alvos, é outro componente que já vem influenciando negativamente nos indicadores da companhia há vários trimestres.

No caso do Alibaba, entre outros baques, o Ant Group, fintech controlada pelo grupo e dona do aplicativo Alipay, suspendeu sua dupla listagem de ações, em Xangai e Hong Kong, sob a pressão das autoridades. Com a previsão de captar US$ 34,5 bilhões, o IPO prometia ser o maior da história.

Já em abril de 2021, o Alibaba recebeu uma multa por práticas antitruste no valor de US$ 2,8 bilhões. A sanção recorde foi seguida pelo “desaparecimento”, por cerca de seis meses, de Jack Ma, fundador do gigante chinês.

Entretanto, ao menos nessa frente, a empresa recebeu um alento recentemente. No fim de abril, as autoridades chinesas sinalizaram que devem fazer uma pausa em sua campanha e suas pressões regulatórias sobre as big tech locais, justamente por conta do cenário adverso no país.

Enquanto isso não acontece, o Alibaba lida com os efeitos de todo esse contexto no mercado de capitais. Em 2021, suas ações acumularam uma desvalorização de mais de 60%. Neste ano, o recuo está na faixa de 21,3%.

Nesta manhã, a cotação dos papéis avançava 13,56%, a US$ 93,47, na Bolsa de Nova York, por volta das 10:40 (horário local). O Alibaba está avaliado em US$ 259,8 bilhões.