Criado em 2005, por Peter Thiel, um dos fundadores do PayPal, o Founders Fund se consolidou, desde então, como um dos grandes nomes da indústria de venture capital nos Estados Unidos, com mais de US$ 3,5 bilhões sob gestão.

O fundo acumula alguns marcos para alcançar esse status. Entre eles, o fato de ter sido o primeiro investidor do Facebook e de ter em seu portfólio empresas como Airbnb, Spotify, Lyft, SpaceX e Palantir, além de startups de destaque em outros mercados, como o Nubank, no Brasil.

Agora, ao que tudo indica, o Founders Fund vai direcionar parte de suas apostas e cheques milionários para um segmento em especial: a área de tecnologia militar e de segurança, sob a perspectiva de mudanças no setor com a gestão do novo presidente americano, Joe Biden.

“Há claramente uma discussão sobre a necessidade de introduzir novos talentos e inovação nesse espaço”, afirmou Trae Stephens, sócio do Founders Fund, que participou de um painel no fim da manhã desta segunda-feira, na 1ª Conferência Itaú Amazônia. “Temos motivos para crer que eles vão ser mais agressivos nessa área.”

Stephens fala com propriedade, pois circula há alguns anos nesse espaço governamental. Ele foi um dos primeiros funcionários da Palantir, empresa de coleta e análise de dados fundada por Peter Thiel e cujo software é usado por agências e órgãos de inteligência de governos ao redor do mundo, entre eles, o Departamento de Segurança Interna e o Departamento de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos.

Além da própria Palantir, que abriu capital no fim de setembro e viu suas ações valorizarem mais de 159% desde então, e que atrai, constantemente, críticas e questionamentos sobre o seu envolvimento na área governamental, Stephens tem envolvimento com outras startups do portfólio do Founders Fund que atuam nessa esfera.

Ele destacou, por exemplo, a Anduril Technologies, empresa de tecnologia de defesa com foco em sistemas autônomos, como uma das companhias que podem se beneficiar nesse novo cenário. Stephens é um dos fundadores da novata, criada em 2017.

A Anduril já captou US$ 241 milhões em quatro rodadas de investimentos que, além do Founders Fund, contaram com a participação de fundos como Andreessen Horowitz e General Catalyst. “A última avaliação da Anduril foi de US$ 1,9 bilhão e já chegamos a US$ 100 milhões em receitas”, diz Stephens.

Outra empresa do pacote do Founders Fund citada por Stephen foi a Scale, plataforma de inteligência artificial, que já captou US$ 277 milhões em seis rodadas, junto a fundos como Coatue, Spark Capital, Accel Partners e investidores como Kevin Systrom e Mike Krieger, cofundadores do Instagram.

O portfólio inclui ainda a SpaceX, que já desenvolve uma série de projetos na área governamental, por exemplo, com a Nasa, agência espacial americana.
Apesar das boas perspectivas para essas startups, Stephens ressaltou uma questão que deve concentrar a atenção da gestão de Biden e que ainda trazem alguns pontos de interrogação para a indústria de tecnologia como um todo.

A principal delas é o foco na responsabilização jurídica das big techs pelos conteúdos e opiniões veiculadas em suas plataformas. “Esse vai ser um grande tópico nos próximos quatro anos”, disse. “Hoje, não há pessoas mais odiadas que os ‘tecnocratas do Vale’”.

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