Na primeira semana de janeiro de 2021, Elon Musk desbancou Jeff Bezos e tornou-se a pessoa mais rica do mundo. Entretanto, bastaram poucas semanas para que o fundador da Amazon recuperasse seu posto e, desde então, se mantivesse no topo.

Há um ranking, porém, no qual o bilionário à frente da Tesla e da SpaceX tem se mostrado imbatível: a relação dos CEOs mais bem pagos dos Estados Unidos, compilada por meio do Bloomberg Pay Index. Em 2020, pelo terceiro ano consecutivo, Musk liderou essa relação. E com bastante folga.

Dono de uma fortuna de US$ 194 bilhões, Musk acumulou US$ 6,7 bilhões em 2020. A cifra representa quase 12 vezes mais do que os US$ 568,4 milhões que Mike Pykosz, CEO da companhia de saúde Oak Street Health, o segundo colocado da lista, recebeu no período.

A lista dos cinco executivos melhor remunerados no mercado americano inclui ainda Trevor Bezdek e Douglas Hirsch, co-CEOs da GoodRX Holdings, plataforma digital de remédios com prescrição, com US$ 497,8 milhões cada; e Eric Wu, CEO da Opendoor Technologies, plataforma online de negócios imobiliários, com US$ 388,7 milhões.

O CEO da Apple, Tim Cook, caiu da segunda posição, em 2019, para a oitava colocação no ano passado, com ganhos de US$ 265 milhões. Alex Karp, CEO da Palantir Technologies; Geoffrey Price, COO da Oak Street Health; Griffin Myers, CMO da Oak Street Health,; e Chad Richison, CEO da Paycom Software completam as 10 primeiras posições.

O ranking também mostra a relação desigual entre homens e mulheres. CFO da Opendoor Technologies, Carrie Wheeler é a executiva mais bem paga, com US$ 100 milhões. Mas só aparece na 34ª posição. A próxima na lista é Veronique Lecault, no 40º lugar, com US$ 83 milhões. Apenas cinco mulheres integram a relação dos 100 executivos melhor remunerados.

O Bloomberg Pay Index parte de arquivos enviados à Securities Exchange and Commission (SEC), a CVM dos Estados Unidos, para compilar os “vencimentos” dos executivos, um pacote que inclui salários, bônus por desempenho, ações e opções de compra dos papéis, entre diversos outros benefícios.

No caso de Musk, cujos ganhos em 2019 foram de US$ 595,2 milhões, a cifra bilionária refere-se única e exclusivamente aos prêmios de opções sobre as ações da Tesla.

O plano de compensação desenhado e aprovado em 2018 pelo Conselho de Administração da fabricante para Musk envolve o desbloqueio das opções em 12 etapas, dentro de um pacote total que pode render até US$ 55,8 bilhões para o bilionário que, até o momento, já embolsou US$ 33 bilhões.

Pelos termos do plano em questão, cada vez que a Tesla alcança um determinado marco ou indicador pré-determinado, Musk tem direito a um volume de ações da companhia pelo preço de US$ 70. Hoje, os papéis da empresa estão sendo negociados na casa de US$ 700.

Em 2020, as ações da empresa acumularam uma valorização de nada mais nada menos que 696,4%. No ano passado, o valor de mercado da companhia saiu de US$ 75,7 bilhões para US$ 668,9 bilhões.

Musk, além da Tesla, é o fundador da companhia de foguetes SpaceX e é considerado uma das pessoas mais inovadoras de sua época. Ao mesmo tempo, gosta de usar o Twitter para dar suas opiniões, envolvendo-se, quase sempre, em polêmicas. Atualmente, apesar de ser bilionário, mora numa casa de 36 metros quadrados.

De acordo com a Bloomberg, o plano de remuneração de Musk trouxe reflexos na elaboração dos salários e benefícios de executivos de diversas empresas nos Estados Unidos.

Na prática, ganhou força a ideia de que vale pagar o preço de compensações elevadas, atreladas a metas como o preço das ações ou lucro, em troca de grandes retornos para as companhias.

“O que aprendemos com o pacote de Musk é que se os requisitos de desempenho são altos o suficiente, não importa o quanto pagamos”, diz um consultor ouvido pela agência de notícias.

Em média, um CEO das mil maiores empresas listadas nos EUA recebe 144 vezes o salário de seus funcionários. “É tudo sobre o cara no escritório do canto e todos os outros são apenas ajudantes”, afirma Sara Anderson, que lidera o projeto Global Economy, no Institute for Policy Studies.

Diante desse contexto, em março desse ano, os senadores Bernie Sanders e Elizabeth Warren apresentaram um projeto de lei no Congresso americano propondo sanções às empresas que pagam seus executivos muito mais do que a remuneração destinada aos trabalhadores.

O projeto prevê um aumento de impostos de 0,5 ponto percentual para as companhias que pagam os profissionais do alto escalão entre 50 a 100 vezes mais do que os seus funcionários médios. E de cinco pontos percentuais para aquelas que pagam 500 vezes mais.