Com medo de possíveis falhas na segurança, o governo chinês vai restringir o uso dos carros da Tesla por funcionários de empresas estatais, militares e outros executivos de áreas consideradas estratégicas.

Os sensores dos carros da Tesla podem registrar imagens dos arredores, além de informações sobre quando, como e onde os veículos foram usados. Dados pessoais dos motoristas, bem como a lista de contatos de smartphones conectados aos carros, também poderiam ser vazados.

O envio dessas informações aos Estados Unidos é visto como uma grande falha na segurança nacional pela China. Por isso, representantes do governo já pediram a algumas empresas para que seus funcionários não usem veículos da Tesla para ir ao trabalho.

Os veículos da empresa de Elon Musk também foram banidos de complexos de indústrias consideradas sensíveis e de agências estatais, segundo o The Wall Street Journal, que publicou a informação com exclusividade.

A Tesla nega que seus veículos fiquem constantemente gravando informações. Embora não tenha se manifestado sobre essa decisão, a montadora já havia dito que a política de privacidade de seus veículos está de acordo com as leis do governo chinês, em referência a preocupações anteriores do país com a segurança nacional.

A decisão do governo chinês não é um caso isolado e é mais um capítulo das tensas relações comerciais entre Estados Unidos e China.

A briga comercial entre os dois países ficou clara na ofensiva do governo americano contra a gigante chinesa Huawei, maior fabricante global de equipamentos de redes de telecomunicações e segunda maior fornecedora de smartphones do mundo. O objetivo é barrar o uso da tecnologia 5G da empresa chinesa

Na batalha pelo domínio mundial da tecnologia, os Estados Unidos têm feito campanha contra a Huawei, tentando influenciar países aliados, como o Brasil, a não usar a tecnologia da Huawei.

No ano passado, o então presidente americano Donald Trump também fez de tudo para que o app TikTok, da empresa chinesa Bytedance, fosse banido do país, ou vendido a uma empresa americana. Na época, gigantes da tecnologia dos EUA, como Microsoft e Oracle, manifestaram interesse na rede social, mas os negócios não foram para frente.

Em agosto de 2020, a China respondeu publicando uma lista com novas restrições às exportações de produtos e tecnologias locais aos Estados Unidos, usando o mesmo argumento de proteção à segurança nacional.

O mercado chinês é estratégico para a Tesla, onde a montadora tem uma fábrica localizada em Xangai. No ano passado, a crescente demanda por carros elétricos no país ajudou a empresa de Musk a entregar 500 mil veículos globalmente, um recorde.

Nesta sexta-feira, 19 de março, as ações da Tesla, avaliada em US$ 609 bilhões, eram vendidas a US$ 634, em ligeira baixa de 2,8%, por volta das 11h. Após baterem US$ 883 no fim de janeiro deste ano, os papéis da empresa acumulam queda de 13%.