No dia em que o Nubank anunciou que fez o registro para o IPO nos Estados Unidos e no Brasil, quem “ganhou moral” com os investidores foi seu principal concorrente no mercado brasileiro, o Banco Inter.

Nesta segunda-feira, 1º de novembro, as units da companhia encerraram o pregão em alta de 19,18%, a R$ 42,31, sem que houvesse nenhuma notícia específica sobre a empresa. Segundo gestores ouvidos pelo NeoFeed, o Inter se beneficiou da precificação anunciada pelo Nubank no prospecto.

O valor, considerado alto, fez os investidores perceberem que o banco digital comandado por João Vitor Menin estava barato, especialmente após o tombo sofrido nos últimos meses, quando seus papéis caíram mais de 50% desde o pico em julho deste ano.

No anúncio do Nubank, estimou-se que a companhia pode ser avaliada em até US$ 50,6 bilhões no IPO, tomando como referência o teto da faixa de preços esperada por ação, de US$ 11.

Considerando que a fintech tem 48,1 milhões de clientes, é como se cada usuário valesse US$ 1.052, uma conta que é frequentemente feita pelo mercado para comparar teses de investimento.

No caso do Inter, avaliado em US$ 5,68 bilhões e com 14 milhões de clientes, a média ficaria em US$ 405 por usuário.

"O mercado vai rápido do amor ao ódio e só viu agora (com o Nubank) que o Inter estava muito abaixo", afirma Stefan Darakdjian, sócio-fundador da Meraki Capital, ao NeoFeed.

O Nubank, vale dizer, com a precificação colocada no prospecto, se tornaria a instituição financeira mais valiosa do País. O Itaú Unibanco, por exemplo, tem valor de mercado de US$ 41,3 bilhões. O Bradesco, US$ 35,1 bilhões.

“Visto que o principal rival do Nubank no Brasil é o Inter, por terem modelos de negócios bem parecidos, isso acabou animando os investidores do Inter”, afirma Rodrigo Crespi, especialista de mercado da Guide Investimentos, ao NeoFeed.

Ele lembra ainda que o banco publicou bons resultados na semana passada, mas que acabaram ofuscados por notícias negativas no cenário macroeconômico, com turbulências políticas em Brasília que aumentaram o risco fiscal.

No terceiro trimestre, o Inter teve lucro líquido de R$ 19,2 milhões, revertendo prejuízo de R$ 8,06 milhões em igual período do ano passado.

Também contribuiu, avalia Crespi, o fato de que em breve o Inter fará companhia ao Nubank em Nova York. O banco digital se prepara para retirar suas ações da B3 e listá-las nos EUA ainda em 2021. "Toda essa conjuntura corroborou para a forte alta."