A gestora de venture capital 7Stars Ventures vai aumentar o valor de seus cheques a partir de 2023. Especializada em rodadas pré-seed e seed, em que investe entre R$ 2 milhões e R$ 5 milhões, a companhia pretende multiplicar o valor de cada aporte para cerca de R$ 20 milhões.

É um crescimento e tanto. No maior caso, de 10 vezes. No menor, de quatro vezes. Mas a estratégia para fazer crescer o valor do cheques foge da receita tradicional. A 7Stars Ventures não irá captar um novo fundo. A estratégia é vender fatias de algumas startups das quais a gestora já investiu para usar os recursos para novos investimentos.

“Vamos partir para negócios de maior estrutura e que já estejam em processo de consolidação do modelo”, diz Daniel Abbud, cofundador da 7Stars Ventures, em entrevista ao NeoFeed.

Desde que foi fundada, em 2020, a 7Stars Ventures já investiu em 18 startups. Os recursos vieram exclusivamente dos sócios: Abbud, Gustavo Almeida, Eduardo Mucci e Thamila Zaher – os dois últimos são acionistas do grupo de educação SEB, do bilionário Chaim Zaher.

A previsão é que a companhia tenha pelo menos R$ 250 milhões para investir em novos negócios através de saídas projetadas pela gestora. Segundo Abbud, uma fatia de 90% do valor obtido com a venda da participação de duas ou três startups será utilizada para o investimento em novas companhias.

Não há uma data exata de quando a 7Stars Ventures vai realizar as saídas. A expectativa é de que isso seja feito durante o segundo semestre deste ano com a venda da participação para outras empresas de investimento e para fundos de corporate venture capital.

A carta na manga para conseguir um valuation alto e realizar saídas lucrativas está no desempenho das empresas. Segundo Abbud, 85% das startups investidas pela 7Stars Ventures já faturam mais de R$ 1 milhão por mês. Outro dado revelado pelo investidor aponta que 60% das empresas da carteira já são lucrativas.

Até agora, a gestora focou seus investimentos em fintechs, retailtechs e healthtechs. Entre elas estão empresas como Q2 Pay, que opera com uma maquininha para cartão; Laundry, serviço de delivery de lavanderia; e a Cloudmed, que oferece serviços de computação em nuvem no setor de saúde.

A tendência é de que startups desses setores continuem a despertar a atenção da gestora, mas o plano da 7Stars Ventures também envolve explorar negócios de áreas diferentes. “Estamos começando a colocar um pezinho na educação”, diz Abbud.

O interesse em edtechs era previsível, dado o relacionamento próximo que os sócios da 7Stars Ventures têm com o tema. O grupo SEB, dos Zaher, é dono de marcas como Maple Bear e Luminova e de escolas tradicionais como Pueri Domus, Carolina Patrício, além das universidades Escola Paulista de Direito e Centro Universitário UniDomBosco.

A escolha das startups vai seguir a tese da gestora, que mantém um olhar mais atento para operações que nem sempre estão nos centros urbanos mais tradicionais. “A gente sai muito fora do padrão Faria Lima e do eixo Rio-São Paulo”, diz Abbud. “O que fazemos é olhar o que não é óbvio para o investidor tradicional de venture capital.”

Ponte e dívida

Enquanto ainda não faz as saídas, a gestora vai se virando em outras frentes para movimentar dinheiro.

Uma delas envolve um trabalho de meio de campo realizado para que outros fundos também invistam nas startups que compõe a carteira da 7Stars Ventures. “A gente desenha o modelo junto com o empreendedor e faz a ponte para a captação de novos investimentos”, diz Abbud.

Essa estratégia envolve trabalhar com fundos de venture capital nacionais e estrangeiros e com empresas que também olham para o mercado de startups através de seus braços de corporate venture capital. Abbud cita como exemplo empresas como Raia DrogasilAmbev e Grupo Petrópolis.

A meta é ajudar duas ou três startups do portfólio a levantarem algo próximo de R$ 150 milhões com terceiros. Isso faria com que as empresas aumentassem seus valores de mercado, o que beneficiaria a 7Stars Ventures em uma saída futura.

Em outro esforço, a gestora começa a olhar com mais atenção para os instrumentos de dívida. A 7Stars Ventures está trabalhando em conjunto com algumas startups para levantar outros R$ 150 milhões através de FIDC, emissão de debêntures e até mesmo venture debt.

A ideia é que este dinheiro seja utilizado integralmente para reforçar o caixa das operações e permitir as empresas alavanquem o crescimento. Um exemplo neste sentido foi a Dryve,  um marketplace de financiamento de carros, que fez uma operação de venture debt com o Itaú BBA.