Desde que começou a investir na América Latina, em 2019, o Softbank já fez aportes que totalizaram US$ 3,5 bilhões em startups da região e esses investimentos estão avaliados em US$ 6,9 bilhões, quase o dobro do que foi aportado até agora.

Os dados constam do balanço do segundo trimestre de 2021, divulgados nesta terça-feira, 10 de agosto, pelo Softbank. “O Brasil e a América Latina vão se tornar um grande polo de atração”, afirma Alex Szapiro, operating partner e head do Softbank no Brasil, em entrevista ao NeoFeed.

O fundo da América Latina, que tinha US$ 5 bilhões, já fez aportes em 48 startups, sendo que 44 deles foram divulgados. Os mais recentes aconteceram na semana passada, quando o Softbank anunciou investimentos na unico, que se tornou um unicórnio, na Omie e na Avenue. “No momento, estamos no modo de aprovar um investimento por semana”, diz Szapiro

Esse crescimento do chamado “valor justo” das empresas em que investe foi impactado pela alta das units do Banco Inter, que neste ano estão se valorizando 120%.

Investimentos em companhias fechadas também ajudaram, como são os casos de QuintoAndar, que quadruplicou seu valor de US$ 1 bilhão para US$ 4 bilhões, e de VTEX (os dados do balanço se referem ao segundo trimestre deste ano, antes de a companhia se tornar uma empresa pública – a plataforma de comércio eletrônico brasileira abriu o capital em julho na Bolsa de Nova York e hoje vale US$ 6,1 bilhões).

Com os recursos chegando perto do fim, o Softbank Latin America Fund se prepara para anunciar mais recursos. De acordo com fontes ouvidas pelo NeoFeed, serão US$ 5 bilhões adicionais para se investir na região.

Questionado sobre o novo fundo, Szapiro disse que não tinha nada a comentar. “Temos tranquilidade para olhar os próximos anos”, disse ele. “É um commitment de décadas.”

Segundo apurou o NeoFeed, no entanto, o anúncio do novo fundo deve ser feito em breve. Não está certo ainda se será um novo veículo ou apenas a extensão do fundo atual.

O motivo de apostar na América Latina, região na qual o Softbank já ajudou a criar 11 unicórnios e investiu em quatro companhias abertas (Banco Inter, Afya, VTEX e Dotz), pode ser compreendido olhando os resultados globais do fundo.

No segundo trimestre, o Softbank divulgou um lucro de US$ 6,9 bilhões, uma queda de 39% em comparação ao mesmo período do ano passado e bem inferior ao resultado dos três primeiros meses de 2021, quando os ganhos chegaram a quase US$ 46 bilhões.

O resultado foi impactado pela queda de alguns investimentos, como a empresa de comércio eletrônico sul-coreana Coupang e o site de venda de carros usados alemão Auto1 Group.

Mas a principal dor de cabeça do Softbank é a China, onde as pressões regulatórias do governo chinês derrubaram o valor das principais empresas de tecnologia do país.

Esse impacto ainda não foi sentido pelo fundo japonês, que investe em Didi e Alibaba, entre várias outras empresas, e deve ser refletido nos balanços dos próximos trimestres. Por esse motivo, o Softbank suspendeu os investimentos em empresas da China.

“Até que a situação fique mais clara, queremos esperar para ver”, disse Masayoshi Son, CEO e fundador do Softbank, nesta terça-feira, em entrevista na qual comentou os resultados trimestrais. “Em um ou dois anos, acredito que novas regras criarão uma nova situação.”

A América Latina, por sua vez, segue uma trajetória diferente, com um interesse crescente de diversos fundos nas empresas da região. E, em especial, no Brasil.

No primeiro semestre, foram investidos US$ 5,2 bilhões em startups no Brasil, superando em 45% tudo o que foi aportado ao longo de 2020, de acordo com dados do Inside Venture Capital, pesquisa realizada pelo Distrito, ecossistema independente de startups.

Na região, o Softbank se preparou também para esse crescimento. Szapiro, ex-presidente da Amazon no Brasil, foi contratado há quatro meses. O fundo trouxe também para as suas fileiras Nicola Calicchio, ex-McKinsey, para ser o chief strategy officer do Softbank International, com base em São Paulo.

A missão de Szapiro, além de liderar o escritório brasileiro, é também apoiar as startups nas quais o Softbank investe. “O meu papel vai desde a parte de talentos até ajudar a repensar um plano de expansão para outro país”, diz Szapiro. "Captar está se tornando uma commodity."