Após sofrer com sanções das autoridades regulatórias, o Morgan Stanley adotou uma política de tolerância zero quanto ao uso do WhatsApp e outras plataformas de mensagens não oficiais para negócios e assuntos corporativos.

O banco americano está multando pesado os funcionários que estão descumprindo as normas, com valores chegando até US$ 1 milhão por pessoa, segundo pessoas familiarizadas com o movimento ouvidas pelo jornal Financial Times.

De acordo com a reportagem, o valor das multas é estabelecido a partir de um sistema de pontos que considera fatores como o número de mensagens enviadas, a senioridade do funcionário e se eles já receberam alertas e advertências pelo uso de plataformas de mensagens privadas.

A postura rígida adotada pelo Morgan Stanley ocorre depois que a SEC, o xerife do mercado de capitais dos Estados Unidos, e a Commodity Futures Trading Commission (CFTC), responsável por regular o mercado de derivativos, aperou o cerco contra esses aplicativos.

Em setembro, 11 dos maiores bancos e corretoras do mundo foram multados em US$ 1,8 bilhão por conta do uso de canais não autorizados de comunicação por funcionários. Além do Morgan Stanley, foram multados Citigroup, Bank of America e Credit Suisse, além das corretoras Jefferies e Cantor Fitzgerald.

A intolerância das autoridades vem do fato de que esses programas não cumprem com regras relacionadas ao arquivamento de conversas pelas firmas de Wall Street. Segundo os reguladores, as falhas dos bancos e das corretoras em guardar corretamente conversas de empregados afetam investigações.

Quando as multas foram anunciadas, a SEC afirmou ter encontrado “uso generalizado de comunicações fora dos canais” apropriados. Segundo ela, em alguns casos, os supervisores nos bancos estavam cientes e alguns até encorajavam os empregados a utilizarem aplicativos, em vez do e-mail corporativo e das plataformas autorizadas.

No Bank of America, de acordo com a CFTC, o uso de aplicativos era “generalizado”, com um trader escrevendo uma mensagem a um colega, em 2020, dizendo que “nós usamos o WhatsApp todo o tempo, mas excluímos as conversas regularmente”.

Já um trader no Nomura deletou todas as mensagens de seu telefone pessoal em 2019, depois de ser informado que a CFTC queria essas conversas por conta de uma investigação.

Com o aperto das autoridades, os bancos vêm atuando para mitigar problemas. O J.P. Morgan reduziu pagamentos para diversos membros do alto escalão, no final de 2021, segundo informações do jornal The Wall Street Journal. Entre os atingido estão executivos próximos ao CEO Jamie Dimon, caso da chefe da área responsável pela asset e wealth management, Mary Erodes, segundo fonte do jornal.

O Credit Suisse e o HSBC já demitiram funcionários pegos utilizando aplicativos de mensagem para assuntos corporativos e de negócios.