Há exatos 53 dias, Carlos Gazaffi assumiu como CEO da divisão B2C da Sem Parar, empresa de sistemas de pagamento automático, as chamadas “tags”, de pedágios e estacionamentos. Nesse intervalo, o executivo teve que se adaptar à operação com o “carro andando” e em marcha acelerada.

Além da Covid-19, outro componente explica essa pressa. Fundada no ano 2000, a Sem Parar teve pista livre durante mais de uma década para consolidar seu domínio no setor. Entretanto, nos últimos anos, a chegada de rivais obrigou a empresa a sair da zona de conforto.

Como resposta, a empresa vem levando as suas tags para além das cancelas. E agora está ampliando de vez esse leque com o Sem Parar Pay, sistema que permite o pagamento das tarifas de pedágio, em cabines manuais, pelo smartphone.

Trata-se de um serviço pré-pago. O usuário carrega o aplicativo do Sem Parar com créditos, de acordo com a sua necessidade. Com o saldo disponível, o app logado e o bluetooth do aparelho ativo, basta se aproximar da cabine do pedágio para que o pagamento seja reconhecido e realizado automaticamente.

“A grande novidade é dar a tag na mão do usuário, por meio do smartphone”, diz Gazaffi, ao NeoFeed. Até então, todas as soluções da Sem Parar envolviam, necessariamente, as etiquetas instaladas nos carros. “Esse recurso abre um conjunto de possibilidades que vai muito além do próprio veículo.”

Lançado na segunda-feira, 21 de setembro, o Sem Parar Pay começou a ser testado no Rio Grande do Sul. Inicialmente, a solução está sendo ofertada em todas as praças de pedágio de rodovias administradas pela CCR Via Sul no estado.

O plano é capturar resultados mais consistentes antes de estender o alcance da ferramenta. A expansão, que deve ganhar fôlego em 2021, não envolverá apenas outras regiões, mas também outros formatos operados pela Sem Parar.

Além de 100% das rodovias pedagiadas, a empresa cobre mais de 650 postos de combustível; mais de 1,4 mil estacionamentos de shoppings, aeroportos e centros comerciais; e 150 lava-rápidos, em 15 estados. Essa base inclui ainda 500 drive thrus, por meio de parcerias com as redes McDonald’s, Habib’s e Ragazzo.

O sistema de pagamento começou a ser testado nesta semana, no Rio Grande do Sul

No plano de crescimento, no entanto, a ideia é acompanhar o “trânsito” dos clientes e não apenas dos veículos. “Estamos construindo a possibilidade de expandir a conexão para outras razões de uso”, diz Gazaffi. “Nem todo mundo tem um carro. Mas, hoje, é difícil alguém que não tenha um celular.”

Para Edson Santos, um dos principais especialistas de meios de pagamento do País, o movimento é positivo. “A Sem Parar ainda domina amplamente o mercado de tags, mas essa receita é limitada”, diz. “Ao estender o uso da carteira para o celular, eles estão ampliando o mercado que podem alcançar.”

Novos planos

Com 3,5 milhões de usuários no País – considerando a divisão corporativa, são 5,5 milhões de clientes –, que movimentaram R$ 13 bilhões em transações em 2019, a Sem Parar também está investindo em novos modelos de acesso aos seus serviços.

“Estamos criando opções para usuários intermitentes para seguir crescendo nossa base”, diz Gazaffi. Neste mês, a empresa lançou dois planos. O primeiro é pré-pago e permite que o motorista carregue os créditos de acordo com sua necessidade. A taxa de adesão é de R$ 20 e as recargas a partir de R$ 50.

No segundo modelo, batizado de Flex na Cidade, também não há cobrança recorrente de mensalidade. O motorista paga uma taxa de R$ 15,90 apenas nos meses em que usar o serviço nos centros urbanos. Há, porém, uma tarifa de R$ 9,90 caso a tag não seja utilizada em um período de 90 dias.

A divisão B2C da Sem Parar tem 3,5 milhões de usuários no País, que movimentaram R$ 13 bilhões em transações em 2019

Esses e outros esforços têm como pano de fundo as estratégias da concorrência. Apoiados por acionistas de peso, os rivais da Sem Parar vêm tentando atrair usuários com práticas como a oferta de planos que isentam as mensalidades nos primeiros doze meses.

Esse é o caso da ConectCar, que chegou ao mercado em 2013, tem como sócios o grupo Ultra e o Itaú Unibanco, e uma base de cerca de 500 mil usuários.

Unidade de negócios da Alelo, empresa de benefícios controlada pelo Bradesco e o Banco do Brasil, a Veloe, em operação desde 2018, também vem investindo pesado nessa direção. Outro nome é o C6 Bank, que embarcou a C6 Taggy em suas contas, sem taxa de adesão, mensalidade ou anuidade.

Questionado pelo NeoFeed sobre o avanço dos rivais, Gazaffi diz que a Sem Parar prefere olhar para “dentro de casa”. Nesse contexto, a visão do executivo sobre a evolução do resultado da operação é positiva.

A empresa é controlada pela americana Fleetcor, que comprou a operação em 2016, por R$ 1,6 bilhão. A Sem Parar representa cerca de 20% da receita local do grupo, que faturou US$ 174,1 milhões (cerca de R$ 900 milhões) no País no primeiro semestre, queda de 16,8% sobre igual período de 2019.

Segundo Gazaffi, nesse intervalo, a Sem Parar registrou um crescimento de 3% na receita e também na base de usuários. “Nossa expectativa é fechar o ano com um crescimento de 7%”, afirma o executivo. “O que é um desempenho bastante positivo, especialmente dado o contexto da pandemia.”

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