A cada dia, o mercado acumula uma série de evidências sinalizando que o chamado “inverno cripto” não tem data para acabar. E nesta quinta-feira, 14 de julho, esse pacote de más notícias para as criptomoedas ganhou mais um ingrediente.

Em mais um episódio dessa já longa temporada, a americana OpenSea, um dos principais nomes na arena das plataformas de negociação de tokens não-fungíveis (NFTs), anunciou a demissão de aproximadamente 20% do seu quadro de cerca de 750 funcionários.

“A realidade é que entramos em uma combinação sem precedentes do inverno cripto com uma ampla instabilidade econômica e precisamos preparar a empresa para a possibilidade de uma desaceleração prolongada”, afirmou Devin Finzer, cofundador e CEO da OpenSea.

Na mensagem enviada ao time da empresa e compartilhada em seu perfil no Twitter, Finzer lamentou a decisão e ressaltou que os profissionais incluídos na medida receberão “indenizações generosas” e terão direito a plano de saúde até 2023, além de apoio para recolocação no mercado.

“As mudanças que estamos fazendo hoje nos dão vários anos de pista em diversos cenário de inverno cripto. E nos dão alta confiança de que só teremos que passar por esse processo uma vez”, observou o CEO da OpenSea.

Antes de anunciar as demissões, a OpenSea soube surfar na onda dos criptoativos. Fundada em 2017, a companhia captou, desde então, US$ 427 milhões em nove rodadas. Na última delas, em janeiro deste ano, liderada pela Paradigm e a Coatue Management, a empresa foi avaliada em US$ 13,3 bilhões.

Entretanto, a companhia não chamou atenção apenas por esses aportes. Um ex-executivo da empresa está sendo processado sob a acusação de ter usado dados confidenciais para comprar mais de 40 NFTs. A informação veio à tona em junho e marcou o primeiro caso de insider trading envolvendo NFTs.

As demissões anunciadas hoje pela OpenSea reforçam, por sua vez, uma onda de cortes realizada por outras empresas da cadeia de criptomoedas nos últimos meses. A relação inclui plataformas como Bitso e Gemini.

Um dos cortes mais severos, no entanto, veio da Coinbase, empresa que se tornou, em abril de 2021, a primeira plataforma de negociação de criptomoedas a ter capital aberto, no caso, na Nasdaq. Há exatamente um mês, a companhia anunciou a demissão de cerca de 1,1 mil profissionais, ou 18% do seu quadro de funcionários.

Em comunicado sobre a medida, Brian Armstrong, cofundador e CEO da companhia, citou fatores como a perspectiva de uma recessão após um “boom econômico de mais de 10 anos”, que pode levar a um outro – em mais uma citação – “inverno cripto”.