A Omie comprou a Linker, Ebanx adquiriu a operação da Remessa Online e, dias atrás, a Gupy incorporou a rival Kenoby. Todas essas empresas têm um ponto em comum: são companhias de tecnologia altamente capitalizadas por aportes de algumas centenas de milhões de reais. E, com o caixa cheio, partiram para aquisições.

De acordo com Cristiano Guimarães, head de corporate & investment bank e distribuições institucionais do Itaú BBA, esse movimento deve se intensificar neste ano. “Em tecnologia, vimos rodadas de capitalizações muito grandes nos dois últimos dois anos. Os líderes foram formados e tem um monte de empresas que, de alguma forma, serão consolidadas.”

O executivo do banco explicou que, com caixa cheio de dólares dos aportes, as grandes startups começarão a acelerar o movimento de compra de outras startups. De olho nesse ambiente, o Itaú BBA está se movimentando para ganhar mercado. Em 2019, o banco lançou um nicho tech, hoje com 35 profissionais dedicados, e deve dobrar a equipe até o fim de 2022. Essa atenção também se deve a uma visão de futuro.

“Se você olhar nos Estados Unidos quais eram as 100 maiores empresas do país há 50 anos, 40 anos 30 anos e olha hoje. Das dez maiores, seis ou sete são de tecnologia”, diz Flávio Souza, CEO do Itaú BBA. E prossegue. “Não sei se teremos essa mesma representatividade no nosso mercado de capitais, mas temos poucas dúvidas de que o setor de tecnologia vai continuar em um processo mais acelerado de ganhar representatividade na economia.”

A estratégia do banco é parecida com a que vem fazendo em outro setor. “No agro, tínhamos 30 pessoas há dois anos e vamos fechar com 420 pessoas no fim do ano”, diz Souza. Essa especialização, mais focada em determinados segmentos, tem surgido por uma demanda dos clientes e, obviamente, da necessidade de aumentar os resultados do banco.

Antes de criar as operações nichadas, o Itaú BBA segmentava as empresas apenas por tamanho: ultra, com receitas acima de R$ 4 bilhões; large, cujos faturamentos superam R$ 500 milhões e middle, com mais de R$ 50 milhões ao ano. Souza diz que o banco estuda a criação de outras verticais, mas disse que ainda não há um segmento na mira.

No ano passado, o Itaú BBA teve o melhor ano de sua história e bateu todos os recordes, representando 30% do lucro líquido do conglomerado. A carteira de crédito, por exemplo, saltou de R$ 340 bilhões, em 2020, para R$ 419 em 2021. Na área de investment bank, entre IPOs, follow ons e M&As, foram 523 deals, no ano passado, 278 a mais do que em 2020.

“O banco está se reinventando e se transformando para ficarmos onde estamos: na liderança”, diz Souza. No ano passado, o Itaú BBA aumentou o time de equities e trouxe executivos do J.P. Morgan, XP, BTG, entre outros. “Estivemos em 78% de todos os IPOs e follow ons do mercado”, diz Guimarães.

Mas, ao que parece, este ano não será igual ao ano passado. Os próprios executivos reconhecem que deverá haver menos aberturas de capital. Dizem, entretanto, que o banco vai conseguir crescer em 2022. “Trabalhamos com a perspectiva de que o resultado será melhor, mas com uma aceleração menor do que a dos últimos anos”, afirma Souza.