Depois de mais de um ano de negociação e de uma fase de testes, a americana PayPal anuncia sua entrada no mercado de crédito no Brasil nesta quarta-feira, 27 de maio.

A companhia, que é considerada a primeira fintech do mundo, fundada em 1998, está anunciando uma parceria com a Captalys para fornecer crédito para os seus 350 mil parceiros comerciais no Brasil.

“O acesso ao crédito é complexo e decepcionante no Brasil”, diz Paula Paschoal, diretora geral da subsidiária brasileira do PayPal, ao NeoFeed. “Os juros são altos e há muita burocracia.

A notícia de que o PayPal iria atuar no mercado de crédito foi antecipada pelo NeoFeed, em agosto do ano passado. Na ocasião, a companhia já negociava com um parceiro local.

O PayPal, que tem capital aberto na Nasdaq e vale US$ 172,5 bilhões, já atua com crédito em outros países. Desde 2013, já fez 900 mil operações de crédito para 300 mil empresas, somando US$ 15 bilhões de empréstimos.

“Temos uma expertise muito grande, que obviamente vamos aproveitar”, afirma Thiago Chueiri, diretor de desenvolvimento de novos negócios do PayPal Brasil, responsável pela oferta de crédito.

O produto que está sendo lançado no Brasil foi batizado de “Crédito para seu Negócio” e é voltado para empresas de todos os portes, mas com foco em microempreendedores individuais (MEI) e nos pequenos e médios negócios. A ideia é que toda a solicitação possa ser feita online.

A empresa entra na página do PayPal, informa suas credenciais, carrega os documentos e solicita a proposta. Em 24 horas, ela é analisada. Se aprovada, o dinheiro é liberado entre dois e dez dias. Estão aptas a solicitarem o crédito empresas com, no mínimo, seis meses de relacionamento com o PayPal.

A companhia estava testando o produto desde dezembro do ano passado. “O serviço do PayPal já está funcionando e os empréstimos vão de R$ 5 mil até R$ 2,5 milhões”, diz Margot Greenman, cofundadora e CEO da Captalys, que tem R$ 10,4 bilhões em ativos sob gestão. A parceira brasileira está fornecendo a infraestrutura tecnológica e o funding para a operação.

As taxas começam a partir de 1,99%. As duas empresas não informam o volume que pretendem fornecer de crédito às empresas com essa parceria. O PayPal estima que, com base nos testes-pilotos, até 30% de sua base pode aderir ao produto nos próximos três anos.

“Somos mais do que um canal de distribuição”, diz Paschoal, referindo-se a estratégia do PayPal. Apesar de a infraestrutura e o funding ser da Captalys, a companhia americana controla todas as variáveis para fornecer o crédito.

Como os vendedores fazem parte da base do PayPal, a companhia sabe todo o histórico de faturamento da empresa, o que permite ser mais assertiva na análise do crédito. “Os serviços financeiros são o nosso core”, afirma Paschoal. No Brasil, o PayPal conta com 4,3 milhões de clientes ativos. No mundo, são 325 milhões.

O lançamento do produto de crédito do PayPal acontece em meio a pandemia do coronavírus, que tem afetado as pequenas e médias empresas. A busca por crédito, para manter as operações, tornou-se vital a esses negócios.

Uma pesquisa do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), divulgada nesta semana, mapeou 149 linhas de crédito voltadas às pequenas empresas.

Pelo balanço, 27 delas estão em instituições públicas federais, outras cinco em bancos privados, duas em bancos regionais, agências de fomento, organizações sociais de microcrédito, cooperativas e ESC.

Mas se há uma ampla gama de oferta de crédito, não se pode dizer o mesmo da liberação do dinheiro. O próprio Sebrae, em outra pesquisa em parceria com a Fundação Getulio Vargas, concluiu que 86% das pequenas empresas que procuram crédito não conseguiram ou aguardavam aprovação. Os dados referem-se ao período de 7 de abril a 5 de maio.

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