De acordo com dados do Banco Central, o estoque total de crédito consignado no Brasil era de R$ 587,3 bilhões no fim de 2022 – R$ 73,7 bilhões a mais do que em 2021. E, a julgar pela quantidade de players buscando um lugar de destaque nesse disputado segmento, deverá saltar em 2023.

Essa é a aposta do PicPay, que acaba de fechar a compra da fintech BX Blue, marketplace de crédito consignado, e revelou o negócio com exclusividade ao NeoFeed. A startup, fundada há seis anos, tinha em seu cap table fundos como Igah, Iporanga, FJ Labs, entre outros, e havia recebido um cheque de R$ 38 milhões em uma Série A em 2021.

O valor da transação com o PicPay, feita em dinheiro e parte dela condicionada a um earnout, não foi revelado, mas o NeoFeed apurou que não ultrapassou o montante que já havia sido investido na companhia. Para escalar, a BX Blue, que já transacionou R$ 2,4 bilhões desde o seu lançamento, necessitaria de mais aportes.

A venda para o PicPay foi a “fome com a vontade de comer”. Primeiro porque o PicPay vai trazer para dentro de sua plataforma financeira um produto que não tinha. Segundo porque poderá escalar o negócio ao conectar com a sua base de 30 milhões de clientes ativos.

“É um produto relevante em um mercado que cresce muito. Eles já tinham time e tecnologia, era melhor acelerar com eles do que desenvolver internamente e gastar energia”, diz Danilo Caffaro, vice-presidente de serviços financeiros pessoa física do PicPay, ao NeoFeed.

É, de certa forma, a mesma estratégia adotada pela companhia na compra do GuiaBolso: acelerou o passo no open banking e trouxe a operação para dentro de casa. Ao adquirir a BX Blue, o PicPay inicialmente atuará com empresas separadas, mas a ideia é acoplar em seu ambiente digital.

O executivo afirma que na base do PicPay há muitos servidores públicos e aposentados em busca desse tipo de produto. A BX Blue, por sua vez, já conta com parceiros de peso em sua plataforma. Bancos como Bradesco, BB, Daycoval e outros disputam os clientes por lá.

Danilo Caffaro, vice-presidente de serviços financeiros pessoa física do PicPay

A startup, que tem 1 milhão de clientes em sua base, monetiza ganhando um take rate sobre as transações que são realizadas em seu ambiente. Trata-se da mesma tese do PicPay, de ser um marketplace financeiro com vários parceiros. “Nos últimos dois anos, acrescentamos cartão de crédito e débito, pagamento de contas, empréstimo pessoal, seguros, antecipação do FGTS”, diz Caffaro.

Ao aumentar a oferta de produtos, a companhia acaba fazendo com que o TPV na plataforma cresça. E isso tem acontecido de forma acelerada. Se em 2021, foram R$ 92,2 bilhões, dados inéditos obtidos pelo NeoFeed mostram que, em 2022, foram R$ 197,9 bilhões – um salto de 115%. A ideia é fazer com que o consignado traga outros bilhões em 2023.