Uma das principais apostas da Amazon, a Alexa está custando caro para a companhia. Somente no primeiro trimestre deste ano, a divisão Worldwide Digital, na qual os dispositivos com a Alexa estão inclusos, teve perda operacional de US$ 3 bilhões. No resultado consolidado de 2022, as perdas podem chegar a mais de US$ 10 bilhões.

A Amazon não detalha esses dados em seu balanço trimestral, mas documentos internos obtidos pelo portal americano Business Insider apontam que a companhia vem acumulando números negativos nesta divisão, que também contabiliza os resultados do serviço de streaming Prime Video. Entretanto, os dispositivos Echo, embutidos com a Alexa, são os principais culpados pela derrocada.

Vale destacar que, há pouco mais de uma semana, o The New York Times reportou que parte dos 10 mil funcionários demitidos da Amazon no último corte em massa da empresa trabalhavam justamente na divisão que desenvolve a Alexa.

A perda na divisão merece destaque porque a Alexa foi uma das principais apostas da Amazon nos últimos anos. O projeto foi idealizado e acompanhado por Jeff Bezos, quando o bilionário ainda estava no comando das operações da companhia, antes de passar o bastão para Andy Jassy, em 2021.

A intenção de Bezos quando lançou a Alexa, ainda em 2014, não era necessariamente apenas lucrar com a venda de alto-falantes inteligentes. O plano era tornar a Alexa um canal de vendas para o e-commerce da empresa, permitindo que as pessoas fizessem compras na Amazon com comandos de voz.

O problema é que, quatro anos depois, esse movimento não ganhou a força que Bezos imaginava. Boa parte das mais de 1 bilhão de interações que a assistente de voz recebe semanalmente não gera qualquer lucro para a Amazon. São comandos relacionados a previsão do tempo, a reprodução de músicas ou a perguntas cotidianas.

Os resultados ruins da Alexa não são uma novidade dentro da companhia. Em 2018, por exemplo, o The New York Times reportou que a companhia teve prejuízo de US$ 5 bilhões com a assistente de voz Alexa e os alto-falantes Echo. Na época a empresa tinha 10 mil funcionários trabalhando nessa frente.

Oficialmente, a Amazon não confirma as preocupações com a Alexa. No começo desse ano, David Limp, vice-presidente sênior da empresa para dispositivos e serviços, afirmou que a Amazon estava “mais comprometida do que nunca com o Echo e com a Alexa e iria continuar investindo pesado neles”.

Nos bastidores, no entanto, ex-funcionários da Amazon afirmam que a Alexa é uma “falha colossal de imaginação” e uma “oportunidade perdida”, conforme reportado pelo Business Insider.

Os resultados da divisão Worldwide Digital contribuem para um ano ruim da Amazon como um todo. No terceiro trimestre, a companhia registrou receita de US$ 127,1 bilhões, abaixo da expectativa do mercado de US$ 127,4 bilhões. No guidance para o quarto trimestre, a projeção é de receita de US$ 148 bilhões, abaixo da expectativa de US$ 155,1 bilhões.

Na Nasdaq, as ações da Amazon acumulam uma desvalorização superior a 44% em 2022. A companhia está avaliada em US$ 960 bilhões.